Na primeira parada de seu tour pelo país em busca de votos, o presidente Barack Obama destacou o que espera dos democratas nas duas semanas que restam até as eleições legislativas: "Não quero ver ninguém dando a vitória como certa". O recado foi, em especial, para os correligionários de estados como Delaware, onde Obama fez campanha por Chris Coons, candidato ao Senado que aparece nas pesquisas quase 20 pontos atrás da adversária republicana. Segundo o presidente, o cenário político em todo o país está "difícil" e, se já há uma forte ameaça aos democratas em alguns de seus redutos, ele quer usar o resto de popularidade que lhe resta para evitar que mais votos se percam.
Nos próximos 10 dias, Obama passará por 10 cidades em oito estados, a maioria deles considerados "azuis" (de inclinação democrata). Apenas Ohio e Nevada não se encaixam no grupo: estão entre os swing states, aqueles que nenhum partido pode considerar "seus". São exatamente essas duas as votações que os democratas mais temem. Em Ohio, o governador Ted Strickland, candidato à reeleição, está cinco pontos atrás do republicano John Kasich. Em Nevada, o líder governista no Senado tem a reeleição ameaçada pela ultraconservadora Sharron Angle. "Reid é quem precisa de mais ajuda, até porque seria um duro golpe para os democratas que seu líder fosse derrotado por uma candidata do Tea Party", opina o cientista político Mark Katz, da George Mason University.
Ontem, ao discursar em Wilmington, maior cidade de Delaware, Obama convocou os democratas a continuarem, na eleição do próximo dia 2, a ;jornada; iniciada em 2008, com sua vitória na corrida presidencial. ;Não há dúvida de que será uma eleição difícil. É um ambiente político difícil;, admitiu, chamando os eleitores a votar em Coons para a vaga deixada no Senado pelo vice-presidente, Joe Biden ; que também foi ao comício. Tanto Obama quanto o vice, contudo, evitaram referências à opositora de Coons, Christine O;Donnell, uma das novas estrelas do Tea Party, ala mais conservadora dos republicanos.
De Delaware, Obama segue hoje para Boston, onde reforça a campanha do governador Deval Patrick. Segundo as pesquisas, se vencer, Patrick terá vantagem apertada, o que realça a dificuldade dos democratas até mesmo em Massachusetts, o estado mais "azul" dos EUA. No domingo, será a vez de o presidente se juntar à mulher, Michelle, em apoio ao ameaçado governador de Ohio, Ted Strickland. A necessidade do reforço da primeira-dama ilustra a preocução do partido ; Michelle é considerada um "amuleto" para ocasiões especiais, por sua grande popularidade.
Retração
Obama fará uma pausa após a passagem por Ohio, e só retoma o périplo na quarta-feira, em Oregon. Nesse estado, também considerado democrata, o presidente tenta reverter a situação do governador democrata, John Kitzhaber, que aparece um pouco atrás do opositor republicano, Chris Dudley. Nos quatro dias seguintes, o presidente vai percorrer os estados de Washington, Califórnia, Nevada, Minnesota e Rhode Island.
Para o especialista David Nice, da Washington State University, as corridas nesses três primeiros estados são as que podem ser mais influenciadas por Obama, por estarem muito acirradas. "Além disso, o consenso é que os democratas têm mais chances de manter assentos no Senado do que na Câmara. Califórnia, Washington e Nevada podem ser determinantes para manter a maioria democrata na câmara alta", opina.
Ray Walser, do think tank conservador Fundação Heritage, acredita que o presidente deverá ter sucesso na sua meta de "reunir a base democrata e conquistar alguns independentes". "Obama ainda é um ;candidato; formidável e pode energizar os eleitores, principalmente onde o cenário é mais apertado", afirma.