SEDRUN - Uma gigantesca perfuradora derrubou nesta sexta-feira (15/10) a última parede rochosa que separava as duas seções do túnel mais longo do mundo, nos Alpes suíços. O espaço é destinado ao transporte ferroviário e tem 57 km de extensão a 2 mil metros abaixo da terra.
"Aqui, no coração dos Alpes suíços, se tornou realidade um dos maiores projetos de meio ambiente", declarou o ministro dos Transportes, Moritz Leuenberger.
Iniciadas há 15 anos, as obras mobilizaram 2.500 pessoas e provocaram oito óbitos em acidentes. Durante a empreitada, foram retirados 13,5 milhões de metros cúbicos de rocha para abrir o túnel de Gothard.
"Obra do século", como foi definido pela imprensa suíça, o novo túnel permitirá unir, em 2017, as cidades de Zurique e Milão em apenas duas horas e 40 minutos.
Os trens de passageiros vão circular a uma velocidade de 250 km/h e as composições de carga atingirão 160 km/h, o dobro da velocidade atual.
O custo da obra já ultrapassou os 7,5 bilhões de euros. O túnel desbancará o túnel de Seikan (53,8 km), que une as ilhas japonesas de Honshu e Hokkaido, atualmente o mais longo do mundo. "É um projeto notável", destacou o comissário europeu de Transportes, Siim Kallas.
Situada no coração do continente europeu, mas sem integrar a União Europeia, a Suíça adotou em 1994, por referendo, a chamada "iniciativa dos Alpes", que prioriza o transporte ferroviário de mercadorias sobre o rodoviário.
Desde então, França, Áustria e Itália realizaram avanços para fomentar as ferrovias com a modernização do túnel de Fréjus (entre França e Itália) e a construção do túnel de Brenner (entre Itália e Áustria).
A partir de 2017, mais de 300 trens poderão circular pelo túnel de Gothard, um volume muito superior ao registrado pelo atual túnel, construído há 128 anos e com apenas 15 km.