GENEBRA - A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que deseja controlar até 2015 as doenças deixadas de lado pelos grandes laboratórios farmacêuticos. Segundo a OMS, essas doenças afetam um bilhão de pessoas e matam 534 mil por ano.
"As necessidades em termos de prevenção e de tratamento são enormes, mas as pessoas afetadas são pobres e, por consequência, têm pouco acesso às intervenções e aos serviços necessários", afirmou a diretora geral da OMS, Margaret Chan.
A diretora apresentou nesta quinta-feira o primeiro relatório da organização sobre 17 enfermidades que praticamente não existem nos países ricos. "A indústria se interessa pouco por investir no desenvolvimento de produtos novos ou melhores contra as doenças vinculadas à pobreza, porque quem sofre com elas têm pouco poder aquisitivo", completou.
O relatório da OMS destaca ainda que as enfermidades são deixadas de lado porque, com exceção da dengue, não provocam grandes epidemias capazes de chamar a atenção dos meios de comunicação. No entanto, segundo ela, provocam infecções que às vezes matam no espaço de meses, semanas ou dias, como a dengue hemorrágica, a doença do sono e a úlcera de Buruli.
Na maioria dos casos, as pessoas são afetadas simultaneamente por cinco a sete doenças parasitárias, transmitidas por insetos, larvas ou moluscos, como a raiva, o tracoma, a lepra, a leishmaniose ou a elefantíase.
A OMS espera controlar (ou eliminar) as doenças até 2015. O verme da Guiné (dracunculíase) deve ser a primeira das enfermidades erradicadas, segundo a diretora da OMS. Para isso, sistemas de recompensa podem ser criados para estimular as pessoas infectadas a declarar a doença.
De maneira geral, a OMS insiste na necessidade de favorecer o diagnóstico e tratamento precoces, que considera vitais, em particular para a doença de Chagas. Também defende a preparação de ferramentas e enfoques simples, seguros, eficazes e baratos, incluindo os produtos pesticidas.