Brasília ; Um misto de emoção, expectativa, fé e alegria envolveu o resgate dos primeiros dos 33 mineiros soterrados há 70 dias na Mina San José, no Deserto de Atacama, no Chile. De 23h08 de ontem (12/10) às 06h21 de hoje (13), sete trabalhadores foram resgatados. O tempo médio para o resgate de cada mineiro varia de 12 a 16 minutos. Aparentemente, os resgatados não demonstraram problemas físicos nem psicológicos.
Todos os trabalhadores são examinados rapidamente quando chegam e depois levados para o hospital. O presidente do Chile, Sebastián Piñera, recebeu até o quarto trabalhador.
Lágrimas e temor dominaram a chegada do primeiro mineiro resgatado Florencio Avalos, de 31 anos. Emocionado, Avalos abraçou a mulher e Piñera, depois cumprimentou os resgatistas e as autoridades.
Mas o destaque ficou por conta de Mario Sepúlveda, de 39 anos, apontado como líder do grupo. Bem humorado e animado, Sepúlveda saiu da cápsula de resgate aos pulos, puxou o grito de guerra chileno ;Chi Chi Le Le, Chile; e só depois abraçou a mulher e as autoridades. Ele distribuiu pedras como ;presentes; para a mulher, Piñera e alguns dos resgatistas. Não deixou de sorrir nem quando foi colocado na maca para ser transportado ao hospital.
Os 33 trabalhadores usam um macacão especial, capaz de manter a temperatura do corpo, proteger dos percalços ao longo dos 700 metros de onde estavam até a superfície, e óculos escuros. O único estrangeiro entre os soterrados, o boliviano Carlos Mamani, de 23 anos, subiu do abrigo até a superfície com a bandeira da Bolívia.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, avisou que pretende chegar ainda hoje (13) para visitar Mamani. Também emocionou o resgaste de Jimmy Sánchez Lagues, de 19 anos, o mais jovem do grupo e pai de um bebê, de três meses. Fã do Universidad de Chile, Lagues chegou à superfície com a bandeira do time de futebol.
Sem esconder a emoção, Piñera afirmou que o resgate dos trabalhadores, depois de 70 dias, foi um ;verdadeiro milagre;. O presidente lembrou que a fé e a força marcam o povo chileno. Segundo ele, várias provas disso têm sido dadas e lembrou o terremoto de 27 de fevereiro, considerado o pior dos últimos 50 anos, e que até hoje faz o país estar em reconstrução.
Ontem (12), as autoridades chilenas decidiram que os primeiros resgatados seriam os mais ágeis e com melhores condições psicológicas, seguidos pelos mais idosos e doentes e, por fim, pelos mais fortes. Por duas vezes, houve mudanças de horários referentes ao momento do resgate. As autoridades queriam afastar qualquer hipótese de erro.
Anteontem (11), o ministro da Mineração, Laurence Golborne, chegou a anunciar que o resgate começaria à meia-noite de ontem. Mas a previsão foi alterada duas vezes na tarde dessa terça-feira: primeiro o horário foi adiantado para as 20h e depois para as 18h. Depois de algumas horas sem notícias, o ministro anunciou o novo adiamento no início da noite. Às 23h08 desceu a cápsula para buscar o primeiro mineiro.