Jerusalém - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fez uma proposta nesta segunda-feira (11/10) aos palestinos: ele prometeu defender a aprovação de uma nova moratória da colonização na Cisjordânia, em troca do reconhecimento de Israel como Estado judaico - oferta prontamente rejeitada pelos palestinos.
Discursando em uma sessão de abertura do Parlamento, Netanyahu indicou o que deseja ter em troca de um novo período de congelamento das construções na Cisjordânia, movimento considerado crucial para o avanço das negociações de paz, que os palestinos ameaçam abandonar.
"Se a liderança palestina disser de maneira clara ao seu povo que reconhece Israel como o Estado nacional do povo judeu, eu estarei pronto para reunir meu gabinete e pedir uma nova moratória das construções", declarou Netanyahu na sessão de abertura do Parlamento. "Já havia enviado esta mensagem por meios mais discretos, e agora estou repetindo-a em público", indicou.
A sugestão, entretanto, foi imediatamente descartada pelo principal negociador palestino, Saeb Erakat, que por telefone disse à AFP que esta questão não tem qualquer relação com a crise das negociações de paz.
"Isso não tem nada a ver com o processo de paz ou com as obrigações que Israel não implementou. Está completamente rejeitado", respondeu o negociador palestino Saeb Erakat, em entrevista por telefone à AFP.
As negociações diretas de paz entre israelenses e palestinos começaram em 2 de setembro, mas acabaram emperrando há duas semanas após o fim da moratória de 10 meses que impedia os colonos israelenses de construírem novos imóveis na Cisjordânia.
Apesar da enorme pressão diplomática por uma nova moratória, Netanyahu havia até então se recusado a fazê-lo - pedindo aos palestinos, ao mesmo tempo, que não abandonem a mesa de negociações.
O reconhecimento de Israel como o Estado judaico nunca foi considerado um tema central para a resolução do conflito, mas desde que Netanyahu voltou ao poder, em 2009, tornou-se uma das principais exigências do lado judaico.
"Não estou estabelecendo isso como uma condição para as negociações", destacou o primeiro-ministro israelense nesta segunda-feira. "Mas não há dúvidas de que um passo como este por parte da Autoridade Palestina representaria uma medida de construção de confiança que abriria novos horizontes de esperança", afirmou.
Os palestinos reconheceram formalmente o Estado de Israel como parte dos acordos de Oslo, em 1993, mas sempre se recusaram a reconhecer o caráter judaico do país, temendo que essa atitude significasse uma renúncia ao reclamado direito de retorno dos refugiados que deixaram Israel após a invasão árabe de 1948.
"O que poderia convencer o governo - e, mais ainda, os cidadãos de Israel - de que os palestinos estão de fato prontos para conviver conosco em paz?", indagou Netanyahu. "Algo que sinalizasse uma mudança real no lado palestino".