Os dois maiores poluidores do planeta, Estados Unidos e China, se acusaram mutuamente neste sábado (9/10) pela falta de um verdadeiro avanço nas negociações sobre o clima, um mau sinal para a cúpula de Cancún, que começa em novembro com a missão de reparar o fracasso de Copenhague.
Apesar de tudo, o panorama não parecia totalmente sombrio em Tianjin, na China, neste último dia de negociações. O encontro é o último antes da cúpula mexicana, que acontecerá entre os dias 19 de novembro e 10 de dezembro.
Christiana Figueres, principal representante da ONU em Tianjin, afirmou neste sábado que "as negociações desta semana nos deixaram mais mais perto de um conjunto estruturado de decisões, que podem ser objeto de um acordo em Cancún".
Figueres referiu-se a uma série de questões cujo princípio foi estabelecido nas atas do acordo de Copenhague no fim de 2009, e que podem chegar a sair do papel, como o Fundo Verde - um mecanismo para a transferência de tecnologia e ajuda para auxiliar os países mais vulneráveis a "adaptarem-se" ao impacto do aquecimento global e no combate ao desmatamento.
Todos estes avanços foram destacados pela ONU, que deseja evitar a qualquer custo um retorno à estaca zero em Cancún - sob risco de ver desacreditado todo o processo engredrado em suas agências, sobretudo após o fiasco na Dinamarca.
"Nosso objetivo e o da maioria dos países presentes é trabalhar em prol de um pacote equilibrado de decisões que englobem as principais questões, com o objetivo de alcançar um acordo em Cancún. Conseguimos um progresso muito modesto", lamentou o principal negociador americano, Jonathan Pershing.
Todos os avanços a longo prazo discutidos esta semana em Tianjin chocaram-se com as propostas divergentes dos dois principais atores das negociações, China e Estados Unidos, que juntos são responsáveis por 50% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa.
"Estamos decepcionados, principalmente pelo fato de que tudo o que conseguimos acerca da questão central foram avanços muito limitados", indicou, referindo-se ao controle das ações de cada país para limitar ou reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa.
"Esses elementos são o centro de um acordo. E a falta de progressos faz com que fiquemos preocupados com o resultado de Cancún".
"Não há solução para o problema, (...) a menos que encontremos uma solução em conjunto", estimou. "Mas parece que, até agora, os interesses dos dois países não coincidem".
Mais tarde, o principal negociador chinês, Su Wei Su Wei, respondeu que "não é justo criticar os outros quando não se faz nada", afirmando que a China exerce um "controle nacional" de seus compromissos.
Su Wei comparou os Estados Unidos a um "porco que se olha no espelho".