Um dia após a lama tóxica que vazou de uma refinaria de bauxita na Hungria contaminar o Rio Danúbio e ameaçar o ecossistema local, autoridades reduziram o nível de ameaça ambiental. Na tarde de ontem, o nível de pH da água do rio na cidade de Komarom (a 80km de Budapeste) estava em 8,3, pouco acima do normal, que fica entre 6 e 8. Segundo Gyorgyi Tuttos, porta-voz do Escritório de Catástrofes, o índice de alcalinidade encontrado não é danoso ao meio ambiente. No entanto, embora o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, tenha dito que a situação está sob controle, o número de vítimas da maré vermelha subiu ontem de quatro para sete.
A direção do hospital de Veszprem (oeste do país) divulgou ontem a morte de um idoso que sofreu ferimentos em decorrência da enxurrada de lama vermelha. Outros dois corpos, que não haviam sido identificados até a noite, foram encontrados em uma área coberta pelo material tóxico no vilarejo de Devecser, anunciou o diretor regional dos serviços anticatástrofes, Tibor Dobson. Ainda há uma pessoa desaparecida e cerca de 60 hospitalizadas, destacaram autoridades.
Para tranquilizar a população, o primeiro-ministro húngaro ressaltou que o material que intoxicou mais de 120 húngaros e destruiu a fauna e flora do Rio Marcal, afluente do Rio Danúbio, ;não chegará à parte baixa; do segundo maior rio da Europa. O secretário de Estado de Meio Ambiente, Zoltan Illes, elogiou as equipes de emergência, que têm lançado gesso e ácido nas águas para neutralizar a maré vermelha alcalina.
Illes espera que a limpeza do solo e da água nas duas localidades mais atingidas, Kolontar e Devecser, termine na próxima semana. Ainda assim, 90% da população de Kolontar continuam com medo de voltar para suas casas. Cerca de 500 moradores deixaram a área desde o acidente, na última segunda-feira.
Agora, as equipes de emergência têm um terceiro foco de atuação: evitar que os metais contidos em 1,1 milhão de metros cúbicos de lama tóxica contaminem a atmosfera. Soldados e bombeiros procuram manter o barro úmido para transportá-lo e evitar a evaporação de poluentes. ;O tempo ensolarado é um problema;, admitiu Dobson à agência de notícias EFE. Tuttos explicou que é necessário recolher o barro o mais rápido possível. ;A chuva seria de grande ajuda;, assinalou.
Arsênico
Em Viena, na Áustria, o Greenpeace alertou para os ;níveis supreendentemente altos; de arsênico e mercúrio encontrados na lama que vazou do reservatório da Companhia Húngara de Produção e Comércio de Alumínio (MAL) em Ajka, 160km a oeste de Budapeste. ;A quantidade de arsênico, especialmente, foi o dobro do que esperávamos;, ressaltou Herwig Schuster, químico e ativista da organização. Se esse material entrar em contato com o lençol freático ou com a água potável, ;poderá causar um sério problema para a região. O arsênico é muito tóxico e causa danos ao sistema nervoso;, explicou. Huster assinalou ainda que os níveis excessivos de outro elemento químico, o mercúrio, podem ser absorvidos pelos peixes e, assim, entrar na cadeia alimentar e intoxicar seus predadores.