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Ministro da Defesa do Equador fala ao Correio sobre rebelião policial

Para esclarecer as medidas anunciadas pelo governo de Rafael Correa e o que significou a revolta de policiais contra o presidente, na semana passada, o Correio conversou por telefone com o ministro de Defesa do Equador, Javier Ponce, que também ocupa a presidência temporária do Conselho de Defesa da Unasul, em Quito.

Os senhores anunciaram o aumento dos salários de militares e policiais de alto escalão. É uma medida para conter a revolta?


Não é assim. Em primeiro lugar, não há um aumento de salários, mas a correção de um erro que ocorreu a partir da equiparação salarial que começou em 2006, durante o governo anterior. Há correção do processo de equiparação. Em segundo lugar, não é para o alto escalão. Ao contrário: é para capitães, majores e suboficiais, que são os escalões baixos. E essa questão não tem nada a ver com o ocorrido, é uma decisão que o governo tomou em agosto, e simplesmente continuou-se o processo até efetivá-la. Mas, para isso, precisávamos da Lei de Serviço Público aprovada pela Assembleia Nacional e ratificada pelo presidente.

Foi uma coincidência? Não se pode relacionar os dois fatos?


Não, não se pode relacionar. Nós continuamos o processo até culminar com a decisão de agora.

E o que vai acontecer com os policiais que se revoltaram? Pode haver perdão?


Estão se estabelecendo as sanções correspondentes, que serão de natureza distinta, dependendo do nível de participação de cada um.[SAIBAMAIS]

Como o senhor avalia a reação da União de Nações Sul-Americanas (Unasul)?


Acho que foi uma reação extraordinária, com a velocidade que se deu, e me parece que confirma o papel que a Unasul joga na região. Praticamente, o que ela fez foi fincar o governo equatoriano, e foi um fator muito importante no momento da crise. O que ficou demonstrado foi o enorme valor e a vigência da Unasul.

Como os senhores definem o que aconteceu na semana passada? Foi uma revolta, um golpe de estado, uma tentativa de golpe?


Cada vez confirmamos com mais clareza que se tratou de uma tentativa de golpe de Estado. Não só pelo fato de terem mantido o presidente sequestrado, como também porque membros da polícia que cuidam da Assembleia Nacional impediram a reunião, bloquearam e atacaram seus membros, em um ato claríssimo para derrubar as decisões da Assembleia.

A oposição diz que se tratou simplesmente de uma revolta dos policiais, e que o governo estaria aproveitando a definição de golpe de Estado para ampliar seus poderes. Como o senhor responde a essa afirmação?


Há dois fatos: um presidente sequestrado e uma Assembleia Nacional bloqueada. E é evidente que são elementos que configuram um panorama de tentativa de golpe. Eu acho que a Constituição é clara no estabelecimento dos poderes que cada um dos setores do Estado tem. Há uma clara distinção de poderes, e é absolutamente insólito afirmar que o governo pretende concentrar maiores poderes.