Bruxelas - A crise política que a Bélgica atravessa se agravou nesta segunda-feira (4/10), com a decisão dos separatistas flamencos de dar por concluídas as negociações mantidas há três meses com os valões francófonos para formar um governo, reivindicando "começar do zero".
"Esta história acaba aqui. Vamos parar de nos debater", disse o separatista Bart de Wever, líder do principal partido flamenco, o N-VA, decretando o fracasso das negociações entre sete formações flamencas e francófonas, iniciadas após as eleições legislativas antecipadas de junho.
O N-VA "não quer um acordo ruim (...) Rejeitamos participar deste jogo infantil. É preciso colocar os contadores no zero", disse De Wever, responsabilizando os partidos francófonos da falta de progressos para formar um governo federal de coalizão.
Os interlocutores consideraram "irresponsável" a "ruptura unilateral" das negociações.
Vencedor das últimas eleições na próspera Flandes, norte da Bélgica, o N-VA deu ultimato até segunda-feira aos francófonos, representantes da Valônia (sul), para que aceitem o princípio de uma autonomia fiscal para cada região.
Mas os valões, debilitados economicamente, se opõem à reforma, por verem nela um primeiro passo para o objetivo que o N-VA persegue em médio prazo, a independência de Flandes.
O rei belga Albert II deverá iniciar consultas pela enésima vez desde as eleições para tentar nomear uma nova personalidade mediadora, suscetível de reativar o diálogo.
A crise institucional que atravessa a Bélgica, país fundado em 1830, tem se deteriorado desde que explodiu, em 2007, devido a diferenças cada vez mais irreconciliáveis entre as duas comunidades, e que fazem temer o esfacelamento do reino no futuro.
Um governo interino, liderado pelo premier demissionário Yves Leterme, tenta atualmente gerir os assuntos correntes do país e a presidência rotativa da União Europeia (UE), que a Bélgica ocupa até o fim do ano.