O governo do Equador desistiu da possibilidade de dissolver o Congresso e convocar eleições antecipadas devido à rebelião policial de quinta-feira apontada como uma tentativa de golpe de Estado, disse neste domingo a ministra para a Política, Doris Solís.
A funcionária tinha dito na quarta-feira, depois de se reunir com o presidente Rafael Correa, que o governo considerava essa alternativa, depois que seu bloco legislativo aprovou apenas de forma parcial uma lei para reduzir a burocracia que deu origem a uma insurreição policial.
Mas, neste domingo, Solís afirmou que a chamada "'morte cruzada' no momento não está em análise, já que o cenário pede um fortalecimento da institucionalidade democrática, e isso deve implicar uma melhor coordenação de objetivos estratégicos com a Assembleia" Legislativa.
"Confiamos que esta será a reflexão e o compromisso da maioria das forças políticas desta função do Estado", afirmou a ministra, segundo um comunicado de sua pasta.
Correa entrou em conflito com sua própria bancada porque, apesar de a lei promovida por seu governo ter sido aprovada, não foi em sua totalidade, ao ser eliminada a possibilidade de o Executivo negociar aposentadorias voluntárias.
A "morte cruzada" é um mecanismo constitucional que faculta ao presidente dissolver o Congresso e convocar eleições gerais em caso de os legisladores obstruírem a execução do plano de desenvolvimento, grave crise política ou comoção interna.
Centenas de policiais rebeleram-se para exigir a revogação da lei que, entre outros pontos, eliminou bonificações para oficiais e militares, chegando a cercar Correa em um hospital onde o presidente tinha se refugiado depois de ser agredido quando tentava aplacar o protesto no principal regimento de Quito.
O presidente socialista, no poder desde 2007 e que termina seu mandato em 2013, foi resgatado em meio a um intenso tiroteio entre os rebeldes e militares e policiais legais ao governo.