Jornal Correio Braziliense

Mundo

Jovens são denunciados por espionagem de estudante gay que se suicidou

Nova York - Um estudante homossexual se suicidou em Nova York depois que um vídeo filmado no quarto com uma câmera de computador foi publicado na internet, e dois jovens foram detidos e denunciados por "violação da vida privada".

O caso, que foi capa dos jornais nova-iorquinos nesta quinta-feira (30/9), desatou dezenas de reações: a comunidade homossexual denunciou o assédio sofrido pelo jovem, enquanto comentários nas redes sociais na internet pediam o respeito dos indivíduos. A universidade Rutgers (Nova Jersey, nordeste) iniciou uma investigação.

"Dois estudantes foram detidos e denunciados e uma investigação foi iniciada. Se forem considerados culpados, estes atos constituirão uma violação grave dos códigos morais e humanos", disse em um comunicado o diretor da Rutgers, Richard McCormick.

Os dois suspeitos, Dharun Ravi e Molly Wei, de 18 anos, podem pegar até cinco anos de prisão se forem considerados culpados.

Tudo começou com um "tweet", mensagem publicada no microblog Twitter, em 19 de setembro, no qual Dharun Ravi escreveu: "meu colega de quarto me pediu o local até a meia-noite. Liguei a câmera do computador e fui para o de Molly. Foi de lá que o vi trocando carícias com outro rapaz".

Depois de assistirem às imagens à distância, os dois jovens recuperaram o vídeo e o publicaram no site iChat. Desconhece-se quantas pessoas viram as imagens.

Três dias depois, o estudante espionado, Tyler Clementi, de 18 de anos, um violinista que acabara de entrar para a universidade, deixou uma última mensagem na página no Facebook: "vou pular da ponte gw, lamento". Em seguida, atirou-se no rio Hudson da ponte George Washington, que liga Nova York a Nova Jersey.

Os pais do jovem publicaram, nessa quarta-feira, um comunicado confirmando a morte do filho. "Tyler era um jovem maravilhoso, um músico talentoso", escreveram.

A associação de defesa dos direitos dos homossexuais "Garden State Equality" condenou o que considerou como um crime.

"Estamos enojados com o fato de que certas pessoas (...) possam considerar a destruição de uma vida um esporte", declarou o presidente da organização, Steven Goldstein, em um comunicado.

Segundo estatísticas, 40% dos adolescentes americanos se consideram vítimas de diferentes tipos de assédio pela internet.