Se as autoridades mexicanas não souberam na terça-feira avaliar com claridade a gravidade dos estragos causados pelas fortes chuvas no departamento de Oaxaca (sudoeste), chegaram ontem a uma conclusão segura: a população deve manter-se atenta, pois a situação meteorológica continuará desfavorável, nos próximos dias, na América Central e no extremo norte da América do Sul. O diretor do Corpo de Bombeiros de Oaxaca, Manuel Maza Sánchez, afirmou que poderia até processar a autoridade comunal de Santa María Tlahuitoltepec, por emitir um falso alerta sobre deslizamento de terra no município, na terça-feira.
O secretário do Comissariado de Bens Comuns, Donato Vargas, tinha comunicado às autoridades estaduais que o deslizamento de um monte teria sepultado pelo menos 300 casas, matando entre 500 e mil pessoas. No mesmo dia, o governador do estado de Oaxaca, Ulisses Ruiz, rebaixou a estimativa para sete mortos. ;Os números mudaram e nem sequer se pode confirmar qualquer morte;, destacou ontem o ministro do Interior, Francisco Blake. O diretor do Corpo de Bombeiros chegou a reclamar que a mobilização das Forças Armadas e das equipes de resgate para uma zona indígena teria distraído a atenção das autoridades para outras áreas do país afetadas pela tormenta Mathew, que deixou mais de 20 povoados sem comunicação na região do Vale Central do México.
Em Tlahuitoltepec, porém, os funcionários continuaram as buscas por desaparecidos. ;Temos nesta área duas casas que foram totalmente cobertas, e há duas famílias inteiramente soterradas. O número ainda é incerto;, disse um bombeiro a jornais mexicanos. Sem pensar em números, os moradores do município, de maioria indígena, assistiam preocupados ao salvamento dos moradores de duas casas completamente soterradas e de outras duas enterradas pela metade, onde militares tentavam resgatar desaparecidos e recolher corpos. ;A única coisa que exijo, senhores, é que lutem, tirem pelo menos os cadáveres, que é o que nos sobra;, disse um vizinho de uma das famílias soterradas, em vídeo gravado pelo jornal El Universal. As autoridades também começaram a desalojar os moradores de locais de risco e alojá-los provisoriamente em escolas municipais. O jornal local Libertad Oaxaca ressaltou que o mercado municipal e o palácio correm o risco de ruir.
Colômbia
Na Colômbia, as chuvas provocaram um acidente ainda mais grave em um estrada que liga Medellín, capital provincial e segunda maior cidade do país, ao litoral do Caribe. O governo do departamento de Antioquia descartou ontem a possibilidade de que fossem encontrados sobreviventes do deslizamento de terra que soterrou entre 20 e 30 pessoas. ;Já não há nenhuma esperança, são toneladas de pedra sobre essa gente;, declarou o porta-voz do governo local, Jorge Humberto Moreno Salazar. ;É oficial: não há sobreviventes;, completou John Freddy Rendón, diretor do Departamento Administrativo do Sistema de Prevenção, Atendimento e Recuperação de Desastres (Dapard). Mesmo assim, militares e bombeiros continuarão as buscas por corpos, com apoio de 15 cães farejadores, alguns usados no Haiti, em janeiro.
Na Venezuela, o Instituto Nacional de Meteorologia e Hidrologia (Inameh) alertou a população sobre as precipitações em vários estados do país. ;No Mar do Caribe há muitas precipitações tropicais. Algumas são depressões, passam a tormentas, e outras a furacões;, disse à imprensa o presidente do Inameh, José Gregorio Sotolano.