Madri - A Espanha sente nesta quarta-feira (29/9) os efeitos da primeira greve geral contra o governo de José Luis Rodríguez Zapatero, convocada pelos sindicatos UGT e CCOO para protestar contra a reforma trabalhista, com dificuldades principalmente nos meios detransporte.
A greve geral coincide com uma jornada de luta na Europa, marcada por uma grande manifestação em Bruxelas e concentrações em Portugal, Itália e Polônia contra as medidas de austeridade para enfrentar a crise.
No meio da manhã, a paralisação tinha adesão de 71,70%, segundo o secretário da União Geral dos Trabalhadores (UGT), José Javier Cubillo.
"A paralisação é praticamente total desde a noite de terça-feira nos setores de indústria e serviços, siderurgia, infraestruturas, coleta de lixo e serviços de limpeza urbana", afirmou Antonio del Campo, secretário das Comissões Operárias (CCOO), a outra grande central sindical do país. "O consumo de energia registrou queda como a do nível de um feriado, o que confirma o êxito da greve geral", completou.
O governo afirmou que nas primeiras horas da greve os serviços mínimos foram respeitados e não foram registrados incidentes consideráveis. Em Madri, circulava um trem a cada hora, segundo o ministério do Trabalho.
As ações dos piquetes concentraram-se na entrada dos mercados de abastecimento de Madri e Barcelona e houve apenas alguns incidentes pontuais. Quinze pessoas ficaram feridas nesses incidentes em diversos pontos do país.
Alguns canais de TV regionais como Telemadrid e Canal Sur interromperam as transmissões durante a noite.
Em Barcelona, o centro da cidade parecia um domingo: as lojas fecharam as portas.
Zapatero declarou nesta quarta-feira, ante o Congresso dos Deputados, que "o governo trabalha para garantir o direito à greve e o direito ao trabalho".
Recordou ainda aos sindicatos a "obrigação de contribuir para o diálogo" sobre a reforma trabalhista.
O governo aprovou recentemente um plano de austeridade para reduzir o déficit público que visa à redução dos salários dos funcionários públicos e o congelamento das pensões de aposentadoria, e prepara um orçamento com cortes para 2011.
Os protestos começaram início à tarde, com manifestações em Madri e dezenas de cidades.
Grupos de jovens queimaram um carro da Guarda Urbana e confrontaram a polícia de Barcelona, que desalojou manifestantes de uma agência bancária ocupada há 48 horas.
Em toda região catalã foram detidas 23 pessoas, segundo as autoridades.