Jornal Correio Braziliense

Mundo

Novo líder do trabalhismo britânico vira a página de Blair e Brown

Manchester - O novo líder do trabalhismo britânico, Ed Miliband, declarou-se nesta terça-feira (28/9) parte de uma "nova geração" que mudará o partido, uma maneira de se distanciar claramente dos antecessores Tony Blair e Gordon Bown no primeiro grande discurso.

"Divulgamos a mensagem: uma nova geração está a cargo do trabalhismo", declarou Ed Miliband, 40 anos, no Congresso do Partido Trabalhista, realizado em Manchester (noroeste da Inglaterra).

O ex-ministro da Energia, que a imprensa conservadora apelidou de "Ed, o Vermelho" durante a campanha, pelas posições favoráveis a retornar aos valores tradicionais e romper com o legado do Novo Trabalhismo para a esquerda, anunciou a intenção de voltar a levar o partido ao poder.

"Me entusiasma a oportunidade de enfrentar o (primeiro-ministro) David Cameron. Podemos ter uma idade similar, mas em termos de valores e ideias, sou de uma geração nova e diferente", completou, afirmando que a diferença residia essencialmente em "atitudes e ideais".

Ed Miliband também prestou novamente homenagem ao "extraordinário irmão" mais velho, o grande favorito David, que foi derrotado no sábado na disputa pela liderança do partido, graças essencialmente ao apoio majoritário dos membros dos sindicatos afiliados ao partido.

Aos sindicatos, pediu "responsabilidade". "Temos que ganhar a opinião pública para nossa causa (...). Por isso, não quero saber nada, e vocês também não deveriam querer saber nada da retórica pretensiosa sobre as ondas de greves irresponsáveis".

Também se declarou "fortemente convencido" sobre a necessidade de reduzir o déficit, afirmando que alguns dos cortes preparados pelo governo serão "dolorosos", mas também teriam sido com eles no governo.

Finalmente, declarou que apesar de Blair e Brown terem tido o "valor" de mudar a Grã-Bretanha, também levaram a perder cinco milhões de votos de 1997 a 2010.

"Me apresento diante de vocês com uma tarefa clara: voltar a fazer do trabalhismo uma força que enfrenta o pensamento estabelecido, não sucumbe a ele, fala pela maioria e dá forma ao centro da política", disse.

"E lhes digo: se nós não somos esse partido, ninguém o será", completou em um primeiro discurso, que foi bem recebido, mas não de forma muito entusiasmada.