[FOTO1]A decisão do governo israelense de suspender a moratória sobre as construções nos assentamentos judaicos, no fim do prazo estipulado, foi alvo de críticas dos Estados Unidos, da França, da União Europeia e da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o Departamento de Estado norte-americano e com Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, a ação do governo de Benjamin Netanyahu ;decepcionou;, depois de tantos esforços para que o congelamento das obras fosse mantido. O presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmud Abbas, ao contrário, parece ter ganhado pontos com Washington, que elogiou a ;cautela; do líder ao afirmar que continuará com as negociações, pelo menos, até a próxima segunda-feira, quando se reunirá com governos árabes. Ontem, em várias partes da Cisjordânia, já era possível ver escavadeiras e homens trabalhando para retomar os projetos de construções, que foram parados 10 meses atrás.
;Estamos decepcionados, mas mantemos o foco no nosso objetivo a longo prazo, e vamos conversar com os dois lados sobre as implicações da decisão israelense;, declarou o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley. Segundo ele, George
Mitchell, enviado especial dos EUA, chega hoje ao Oriente Médio para uma semana de conversas com palestinos e israelenses. ;Nós reconhecemos que, com a decisão tomada (de não estender a moratória), temos um dilema a resolver. (;) Mas de um modo ou de outro, os dois lados terão de arranjar uma forma de continuar as negociações diretas.;
Por meio de um comunicado, Ban Ki-moon, que se reuniu com o chanceler israelense, Avigdor Lieberman, se disse ;desiludido pela decisão e preocupado com os atos de provocação no terreno;. Lieberman defendeu a postura israelense, argumentando que os palestinos é que ;perderam tempo; para iniciar as negociações, durante os 10 meses de moratória.
Abbas disse que consultará os líderes árabes para decidir se mantém o diálogo com Israel. O Hamas, que governa Gaza, garantiu que seguirá lutando contra a ;ocupação de Israel;.
Três perguntas para
Giora Becher, embaixador de Israel no Brasil
[FOTO1]O lado palestino acusou Israel de não ter uma postura clara frente ao fim das moratórias. Qual é a real posição do governo israelense?
Nossa postura é muito clara: a moratória era de 10 meses e, agora, acabou. Mas isso não significa que amanhã vamos construir 3 mil casas na Cisjordânia. Não significa que amanhã vamos construir novos assentamentos nem mudar a situação dentro da Cisjordânia. Estamos em contato com os palestinos e com o governo norte-americano. A ideia é continuar o processo de paz, as negociações diretas com os palestinos, e chegar a um acordo o mais rápido possível.
Organizações civis dizem que podem ser erguidas 13 mil casas. Não é uma expansão considerável?
A verdade é que eu não sei a quantidade de casas que podem ser construídas imediatamente. Mas esse é um processo. Os colonos israelenses dentro da Cisjordânia têm uma vida normal, e, se precisam construir uma escola ou outra casa, é um processo natural. Este não é o grande problema, mas sim continuar as negociações. Algumas casas a mais ou a menos não vão mudar a situação na Cisjordânia.
Israel pode voltar a suspender as construções nos assentamentos, em favor do processo de paz?
Os palestinos tinham 10 meses de moratória e, lamentavelmente, decidiram começar as negociações diretas com Israel no último minuto. Além disso, tivemos um período de negociações no passado e nunca foi uma pré-condição que não se construísse mais na Cisjordânia. Mas a notícia que eu tenho é que eles vão continuar as conversas de paz com ou sem moratória.