Brasília ; Acusada de adultério e assassinato do marido, a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos e mãe de dois filhos, deve ser morta por enforcamento. A sentença anterior era de morte por apedrejamento, que foi suspensa porque cabe apenas nos casos exclusivos de traição. A decisão foi anunciada pelo procurador-geral nacional do Irã, Gholam-Hossein Mohseni-Ejei, em entrevista coletiva.
A entrevista de Ejei foi publicada nos sites em inglês das agências Tabnek e Mehr. A imprensa estatal iraniana não se pronunciou.
De acordo com as agências iranianas, Mohseni-Ejei afirmou que, para a Procuradoria-Geral Nacional, Sakineh é culpada pela morte do marido, pois foi a primeira pessoa a avisar sobre o assassinato. Ejei não mencionou, entretanto, o crime de adultério ; as autoridades afirmam que Sakineh manteve relações sexuais com dois homens depois que ficou viúva, o que é proibido no Irã. Ela nega as acusações.
A condenação de Sakineh à morte por apedrejamento provocou reações e críticas no mundo inteiro, gerando campanhas de líderes e de organizações não governamentais contra a sentença. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa da viúva e ofereceu o Brasil como destino para ela morar. A oferta de Lula foi recusada pelo governo iraniano.
Pela Justiça do Irã, a viúva é acusada de participação na morte do marido e de manter relações sexuais com dois homens. Em 29 de agosto, o Escritório dos Direitos Humanos do Poder Judiciário iraniano informou, em comunicado, que a sentença de morte de Sakineh estava encerrada, mas ainda havia um ação pendente no Departamento de Direitos Humanos.
Em 8 de setembro, as autoridades iranianas anunciaram a suspensão por tempo indeterminado do cumprimento da sentença de Sakineh.