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Política chinesa do filho único completa 30 anos

Pequim - Em 25 de setembro de 1980 entrava em vigor, na China comunista, a drástica política do filho único. Trinta anos depois, o país mais populoso do mundo envelhece rapidamente e tenta flexibilizar o controle de nascimentos.

Se não existisse essa política, a população chinesa, de 1,3 bilhão de habitantes, teria 400 milhões a mais atualmente, segundo a Comissão Nacional de Planejamento Familiar.

Essa intervenção coercitiva moldou a sociedade atual, com lares em que um único filho convive com os dois pais e os quatro avós.

A política de controle dos nascimentos na China gerou mais de 90 milhões de filhos únicos, frequentemente chamados de "pequenos imperadores" por serem muito mimados.

A restrição foi menor para os camponeses, autorizados a ter um segundo filho se o primeiro for menina, bem como para casais em que o marido e a esposa eram filhos únicos.

Por último, quase todas as minorias étnicas chinesas (menos de 10% da população) ficaram isentas.

Em um momento em que a China envelhece, as autoridades preveem novas exceções para o próximo ano, explicou à AFP He Yafu, um especialista em contato com os demógrafos oficiais.

Em cinco províncias chinesas - Heilongjiang, Jilin e Liaoning no nordeste, Jiangsu e Zhejiang no leste -, os casais dos quais um dos membros é filho único estariam autorizadas a ter dois filhos. Em Xangai também. Essa nova política de tolerância poderia ser ampliada para o resto da China nos próximos cinco anos, disse He.

Em 9 de setembro, foi libertado da prisão um militante chinês cego, Chen Guangcheng, conhecido por ter denunciado a esterilização imposta a milhares de milheres e os abortos tardios e forçados no distrito de Shandong (leste) de fetos às vezes com oito meses.

Por outro lado, o controle de nascimentos foi considerado também o responsável pelo desequilíbrio dos sexos: atualmente há 119 bebês do sexo masculino por 100 do feminino, segundo a Comissão de Planejamento Familiar.

Os lares rurais tendem a privilegiar os filhos do sexo masculino, por razões ancestrais e para servir de apoio para a família, o que estimula a prática de abortos seletivos e assassinatos de meninas.

Por fim, esse desequilíbrio entre o número de homens e mulheres favorece o tráfico de seres humanos e a prostituição.