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Japão liberta capitão de barco que causou grave crise diplomática com China

Tóquio - O Japão decidiu nesta sexta-feira (23/9) colocar em liberdade o capitão de um navio pesqueiro chinês detido no início de setembro perto de ilhotas reivindicadas tanto por Tóquio como por Pequim, em um incidente que provocou uma grave crise diplomática entre as duas potências asiáticas.

"Levando em conta as consequências sobre a população japonesa, e sobre as relações entre Japão e China, consideramos inútil manter detido o capitão", declarou um promotor de Okinawa (sul do Japão), Toru Suzuki.

O marinheiro Zhan Qixiong foi colocado em liberdade e deixou o Japão num voo charter, segundo confirmou a agência Nova China.

Esse pescador estava nas mãos das autoridades japonesas desde 8 de setembro, depois da interceptação do pesqueiro, que se chocou contra duas embarcações de patrulha japonesas perto de ilhotas no Mar da China oriental.

Essas ilhotas desabitadas - chamadas Senkaku em japonês e Diaoyu em chinês -, são reivindicadas por ambos os países e se encontram numa zona onde aparentemente existem grandes depósitos de combustível e é rico em pesca, geralmente foco de tensões regionais.

Desde o início do caso, Pequim solicitou várias vezes a libertação do capitão, ameaçando tomar medidas de represália contra Tóquio, na mais grave crise diplomática entre os dois países desde 2006.

O incidente provocou a pior crise diplomática sino-japonesa desde 2006, apesar das tentativa de Tóquio de resolver a questão de forma tranquila.

Em 15 de agosto de 2006, aniversário da capitulação do Japão. O então primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi foi nesse dia visitar o santuário Yasukuni, um lugar patriótico onde se homenageia os soldados mortos pelo Japão, incluindo os criminosos de guerra.

Na quarta, Wen ameaçou o Japão com novas medidas e nesta sexta os comerciantes japoneses constataram a suspensão de exportações chinesas de metais raros para o Japão, apesar dos desmentidos de Pequim.

A China cobre mais de 95% das necessidades mundiais desses recursos estratégicos, principalmente para os setores de eletrônica e automóvel.

Por outra parte, quatro japoneses foram detidos na China, depois de entrarem sem autorização em uma zona militar da província de Hebei (norte) e ter filmado ilegalmente instalações sensíveis, segundo a agência Nova China.

"Não creio que haja relação entre este anúncio e o das ilhas Senkaku", afirmou, no entanto, o porta-voz do governo japonês, Yoshito Sengoku.

A rivalidade entre o Japão, motor econômico da recuperação da Ásia depois da guerra, e o vizinho gigante asiático chegou a um ponto alto neste ano, pois a China está a ponto de substituí-lo como segundo economia mundial. A prisão do capitão chinês fortaleceu a paixão nacionalista da China.