Nova York - O chanceler brasileiro, Celso Amorim, afirmou nesta quinta-feira (23/9) na ONU que o mundo não pode correr o risco de um guerra no Irã como a iniciada pelos Estados Unidos no Iraque, e pediu que prevaleça a lógica do diálogo.
"O mundo não pode correr o risco de um novo conflito como o do Iraque", disse Celso Amorim no discurso que abriu o debate anual da Assembleia Geral da ONU. "Apesar das sanções, esperamos que a lógica do diálogo e da compreensão prevaleçam".
O Brasil obteve este ano com a Turquia uma solução negociada para a polêmica nuclear entre o Irã e as potências ocidentais. No entanto, a mediação não impediu a adoção de novas sanções internacionais contra o governo iraniano.
O Irã garante que o programa nuclear tem propósitos pacíficos, mas alguns países afirmam que há ambições militares. O programa é alvo de preocupações internacionais desde a descoberta, em 2003, de que o país ocultou suas atividades nucleares por 18 anos, descumprindo suas obrigações em relação ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
Sobre o conflito entre Israel e os palestinos, Celso Amorim disse que o Brasil, onde vivem 10 milhões de pessoas de origem árabe e uma importante comunidade judaica, seguirá favorecendo um diálogo "que conduza à criação de um Estado palestino nas fronteiras anteriores a 1967".
Amorim também defendeu "a necessidade urgente de se redefinir as regras que organizam as relações internacionais, por conta da insegurança alimentar, das mudanças climáticas e de outros desafios".
O chanceler declarou ainda que as Nações Unidas precisam ser o centro da tomada de decisões nas políticas internacionais, frisando que as reformas na governança global devem atingir o campo da paz internacional e da segurança.
"Nas áreas econômica e ambiental, as nações mais ricas já entendem que não podem ficar sem a cooperação dos países emergentes", disse. "Mas quando se trata de guerra e paz, no entanto, os jogadores tradicionais são relutantes em dividir o poder."
Amorim pediu a reforma e a expansão do Conselho de Segurança da ONU, para ampliar a participação dos países em desenvolvimento, incluindo-os como membros permanentes.
"Não podemos continuar com métodos de trabalho sem transparência e que permitem aos membros permanentes discutirem a portas fechadas pelo tempo que quiserem questões que dizem respeito a toda humanidade".