Tóquio - A China advertiu nesta quarta-feira (22/9) que tomará "outras medidas" se o Japão não liberar imediatamente o capitão de um barco pesqueiro detido em frente a uma ilha em disputa, que Tóquio voltou a reivindicar, sugerindo a retomada do diálogo para solucionar a crise entre as duas potências do leste asiático.
O primeiro-ministro chinês Wen Jiabao voltou a insistir que o Japão deve liberar "imediata e incondicionalmente" o capitão do navio detido por Tóquio, cuja prisão desencadeou uma grave crise diplomática entre os dois países, anunciou ontem a agência oficial Xinhua.
"Do contrário, a China adotará outras medidas", declarou Wen Jiabao à Xinhua em Nova York, onde participará da Assembleia Geral da ONU e se reunirá com vários dirigentes, incluindo o presidente americano, Barack Obama.
Em Tóquio, as autoridades japonesas defendiam "conversações de alto nível" para acalmar a crise aberta com o vizinho.
"Seria bom manter conversações de alto nível, que incluam um diálogo de conjunto sobre as questões estratégicas, o mais cedo possível", destacou Yoshito Sengoku, porta-voz do governo japonês.
A China mantém suspensos desde o último domingo os contatos de alto nível com as autoridades japonesas em sinal de protesto contra a detenção do capitão do pesqueiro.
A embarcação colidiu em 7 de setembro com dois barcos patrulha japoneses perto das ilhas do mar da China oriental, chamadas de Senkaku no Japão e de Diaoyu na China.
O arquipélago, desabitado e controlado de fato por Tóquio, é reivindicado por Japão, China e Taiwan.
O Japão insistiu que a soberania das pequenas ilhas está sujeita a diálogo.
"As ilhas Senkaku fazem parte do território japonês, não há questão territorial" sobre isso, ressaltou o ministro japonês de Assuntos Exteriores, Seiji Maehara, em entrevista em Nova York. "Quando alguma coisa acontece, tratamos de acordo com as leis de nosso país", indicou a propósito da detenção do capitão.
"Estamos tratando o tema com a cabeça fria, nem mais nem menos", afirmou Maehara, recém-nomeado, que acompanha o premier Naoto Kan às Nações Unidas. "Se houver uma chance, gostaria de explicar a posição japonesa à China", acrescentou.
Pequim alertou ontem que a atmosfera entre China e Japão "não é propícia" para um encontro de seus primeiros-ministros em Nova York.