WASHINGTON - O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, afirmou em uma entrevista concedida a um canal de tv americano neste domingo que as sanções do Ocidente ao programa nuclear de seu governo não terão efeito para seu país.
"Certamente que essas sanções marcarão um novo nível de progresso em nossa economia", declarou Ahmadinejad, em Nova York, falando ao canal ABC News. "Enfrentamos sanções e fizemos com que elas se convertessem em oportunidades para nós", acrescentou.
Indagado sobre os efeitos que essas sanções terão sobre a economia iraniana, respondeu: "Posso dizer que nenhum".
As declarações de Ahmadinejad diferem totalmente das da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que, em outra entrevista em Jerusalém ao mesmo canal, classificou as medidas impostas em junho pelo Conselho de Segurança da ONU como "penetrantes".
"De fato, a informação que recebemos é que o regime iraniano está bastante preocupado com o impacto em seu sistema bancário, em seu crescimento econômico, porque já encontram algumas dificuldades financeiras", afirmou.
O Irã enfrenta seis resoluções do Conselho de Segurança da ONU, quatro delas acompanhadas de sanções, por seu programa nuclear e sua negativa em desistir do enriquecimento de urânio iniciado em 2005.
Teerã alega que seu programa nuclear em caráter civil, mas os ocidentais desconfiam que o Irã queira dotar-se de armas atômicas.
"Temos um plano para discutir coisas, para discutir temas", afirmou Ahmadinejad à ABC. "Sempre estivemos dispostos a discutir assuntos sempre que estejam dentro do marco legal e baseados em princípios de justiça e respeito", acrescentou.
Neste domingo, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, indicou em um comunicado que havia pedido a Ahmadinejad que "se comprometa de maneira construtiva com as negociações" com a comunidade internacional, com o objetivo de chegar a "um acordo aceitável em conformidade com as resoluções do Conselho de Segurança".
O secretário-geral se referiu às negociações, atualmente estagnadas, entre Irã, Reino Unido, Estados Unidos, França, Alemanha, China e Rússia sobre o programa nuclear de Teerã.
A última reunião de alto nível entre o Irã e as seis potências mundiais envolvidas na questão foi realizada em Genebra em outubro de 2009, quando ambas as partes estabeleceram um acordo de troca de combustível nuclear.
O líder iraniano disse ainda que Teerã está acatando plenamente as inspeções da Agência de Energia Atômica (AIEA).
"Todas as nossas atividades nucleares estão sendo controladas por câmeras", explicou. "Todo o material que se move é pesado, examinado e controlado. No que se refere à supervisão da AIEA não há obstáculos a essa supervisão", insistiu.
Consultado sobre a natureza uniforme das sanções agora impostas, Ahmadinejad respondeu que elas "não fazem sentido".
"Nós levamos as sanções a sério, mas levá-las a sério é diferente de acreditar que sejam efetivas", concluiu.
Ban Ki-moon também indicou no comunicado que lembrou ao líder iraniano, cuja reeleição no ano passado desencadeou protestos generalizados, "a importância do respeito aos direitos fundamentais civis e políticos".