Washington - A comissão das Relações Exteriores do Senado americano aprovou nesta quinta-feira (16/9) o novo tratado de desarmamento Start entre Rússia e Estados Unidos, primeira etapa para uma ratificação em conjunto pela Câmara Alta.
Sob a forte oposição dos adversários republicanos do presidente Barack Obama, um tratado nuclear de referência entre Estados Unidos e Rússia foi estabelecido para superar um importante obstáculo do Senado, que impedia a ratificação.
Era tido como certo que o Comitê de Relações Exteriores do Senado, controlado pelos aliados democratas de Obama, encaminhe o novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start) ao Senado para aprovação final.
"Os desafios são enormes: ao ratificar este tratado, limitaremos o arsenal nuclear russo", afirmou o senador democrata John Kerry, presidente do comitê. "Agora é hora de agirmos", acrescentou.
O Comitê do Senado se manifestou mais de cinco meses depois de Obama e o colega russo, Dmitri Medvedev, terem assinado o documento.
Em 8 de abril, os chefes de Estado das duas potências mundiais assinaram o Novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (New Strategic Arms Reduction Treaty, Start), que prevê a redução dos respectivos arsenais a um máximo de 1.550 ogivas nucleares cada, um corte de 30% com relação ao limite estabelecido pelo Tratado de Moscou, alcançado em 2002.
Para ser adotado, o tratado precisa da ratificação do Senado americano e da Duma - Câmara baixa do Parlamento russo -, como preveem as Constituições dos dois países.
Mas todas as atenções se voltam para a oposição republicana, que nos últimos meses praticou uma política de obstrução quase constante sobre os textos legislativos apresentados pela maioria.
A Constituição americana determina que os tratados firmados pelo presidente devem ser ratificados por dois terços do Senado, ou seja 67% dos votos. A maioria democrata tem apenas 59 cadeiras, e até agora apenas dois dos 41 republicanos da Câmara garantiram abertamente o apoio ao acordo até agora.
No entanto, os republicanos expressaram o temor, especialmente sobre o futuro da defesa antimísseis americana, que estimam que seja ameaçada pelo novo texto.
Moscou já advertiu que se retiraria do tratado, se o sistema de defesa antimísseis americano na Europa ameaçar os interesses.
Kerry disse nesta quinta-feira que teve "discussões" com vários membros da oposição, com o objetivo de "responder às preocupações".
O presidente do Comitê do senado tinha advertido na última terça-feira que os colegas se mostravam reticentes em apoiar o tratado de desarmamento e afirmou que a Duma estava atenta para a forma de abordar o processo de ratificação pelos senadores americanos.
"A Duma nos observa. O presidente (russo, Dmitri) Medvedev me disse pessoalmente que esperavam ver como isto aqui transcorre", acrescentou.
Por outro lado, durante o recesso parlamentar de agosto, o vice-presidente Joe Biden, a secretária de Estado, Hillary Clinton, e o secretário da Defesa, Robert Gates, se aproximaram dos reticentes da oposição republicana para convencê-los a aprovar o tratado, disse Kerry.
Na terça-feira, Rose Gottemoeller, uma das negociadoras do tratado, disse que se o texto não for ratificado, as relações entre Rússia e Estados Unidos podem ser afetadas.
"Não vejo um efeito particular na nossa capacidade de trabalhar com os russos sobre o Irã", disse.
O novo acordo surgiu após a expiração, no fim de 2009, do Start original, firmado em 1991.