Cidade do México - Milhões de mexicanos irão às ruas na noite desta quarta-feira (15/9) para festejar o bicentenário da independência, em meio a um forte esquema de segurança e a um estado de emergência decretado pelas chuvas que podem se intensificar com a chegada da tempestade Karl ao leste do país.
As autoridades esperam que cerca de um milhão de pessoas se concentrem na praça do Zócalo, na capital, para assistir a shows, ao desfile de carros alegóricos celebrando a história e a cultura mexicanas, e à cerimômia do Grito da Independência, em uma festa que terá início pouco antes da meia-noite e será conduzida pelo presidente Felipe Calderón.
Festividades semelhantes serão repetidas em mais de dois mil municípios, em meio a medidas de segurança intensificadas para evitar que a violência do tráfico de drogas arruíne as comemorações.
Nas principais cidades e estradas do México, foram mobilizados 74 mil policiais e militares para garantir a segurança tanto das festas quanto dos locais estratégicos, informaram autoridades do ministério da Segurança Pública e autoridades locais.
Apesar do medo de violência, as festividades só foram suspensas ou serão realizadas a portas fechadas em uma dezena de municípios.
Em Ciudad Juárez, vizinha a El Paso (Texas, sul dos Estados Unidos), considerada a mais violenta do México, com quase duas mil mortes registradas só este ano, a cerimônia será celebrada pela primeira vez a portas fechadas, informou o prefeito José Reyes Ferriz.
Enquanto isso, em Morelia, estado de Michoacán (oeste), onde em 2008 a festa pela independência terminou com oito mortos e mais de 100 feridos, após a explosão de duas granadas, o governador Leonel Godoy cumprirá o ritual de dar o grito, mas a festa popular foi cancelada.
Em Tamaulipas (nordeste), onde no fim de agosto foram assassinados 72 migrantes das Américas Central e do Sul - inclusive brasileiros - pelas mãos de homens do cartel Los Zetas, o governador Eugenio Hernández instruiu que as cerimônias sejam mantidas, inclusive no povoado de San Fernando, em cuja periferia ocorreu a chacina.
Mas não é só o temor da violência que ameaça estragar a festa. No estado de Veracruz, leste do México, cerca de 25 mil pessoas celebrarão a data em albergues devido às inundações provocadas pelas chuvas das últimas duas semanas.
As precipitações, as mais fortes registradas no México, segundo o governo, e que deixaram um milhão de afetados, podem piorar com a chegada da tempestade tropical Karl, que na sexta-feira chegou à Península de Yucatán (leste) com ventos de 95km por hora.
Na quinta-feira, a tempestade pode chegar às plataformas de petróleo da estatal Pemex no Golfo do México e provocar novas chuvas nos vizinhos estados de Veracruz, Campeche e Tabasco, segundo o Serviço Meteorológico Nacional.