Jerusalém - O presidente palestino Mahmud Abbas reiterou nesta quarta-feira (15/9) a ameaça de abandonar as negociações de paz com Israel se a colonização judaica for mantida, ao término de uma série de discussões trilaterais em Jerusalém com a secretária de Estado americana Hillary Clinton.
"Se a colonização prosseguir, colocarei fim às negociações", advertiu Abbas depois de ter se reunido com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na presença de Hillary e do enviado americano George Mitchell, segundo um alto funcionário palestino que não quis ser identificado.
A autoridade indicou que o presidente Abbas havia lançado essa advertência depois de Netanyahu ter afirmado que as construções nas colônias israelenses vão continuar.
A questão mais complicada entre Israel e os palestinos é o fim ou a manutenção do congelamento parcial por parte do governo israelense das construções na Cisjordânia ocupada, que termina no final do mês.
As declarações do líder da Autoridade Palestina vão de encontro ao otimismo moderado de Mitchell. "Continuamos, como parte de nossos esforços, a fazer progressos nesta questão", afirmou Mitchell, referindo-se à colonização.
"O presidente Abbas e o primeiro-ministro Netanyahu retomaram as negociações sobre as questões-chave e sobre os principais temas de disputa desse processo. Os dois dirigentes não deixam as questões difíceis para o fim das discussões", ressaltou Mitchell.
Entre os principais temas do conflito estão as fronteiras de um futuro Estado palestino, a segurança de Israel, o futuro dos refugiados palestinos, o estatuto de Jerusalém e a colonização.
Netanyahu afirmou em diversas oportunidades que não queria prolongar essa moratória, enquanto os palestinos ameaçaram deixar as negociações se as construções fossem retomadas.
Os Estados Unidos consideram que o prolongamento da moratória seria "lógico".
A autoridade palestina indicou que durante o encontro, Abbas deu prioridade à questão do traçado das fronteiras do futuro Estado palestino, enquanto Netanyahu queria abordar prioritariamente as medidas a serem tomadas para garantir a segurança de Israel.
Um novo encontro entre as equipes de negociadores está previsto para a próxima semana "com o objetivo de preparar o terreno para novas reuniões entre dirigentes". É a primeira visita a Jerusalém do presidente da Autoridade Palestina desde a chegada ao poder do líder da direita israelense em abril de 2009.
"Volto hoje a esta casa após um longo período de ausência para continuar as discussões com a esperança de alcançar uma paz eterna na região inteira, e em particular entre os povos palestino e israelense", escreveu Abbas no livro de ouro dos Netanyahu.
O dia de negociações também foi marcado pela violência em Gaza e em Israel. Um palestino morreu e dois ficaram feridos em ataques aéreos israelenses contra túneis usados para contrabando próximo a Rafah, no sul da Faixa de Gaza, controlada pelo movimento islâmico Hamas.
Os ataques foram executados em represália aos disparos de um foguete e de oito obuses de morteiro a partir do território palestino contra o sul de Israel em 24 horas, segundo o Exército israelense. Os disparos não deixaram vítimas nem causaram danos materiais.
O Exército israelense atribuiu a intensificação dos ataques, reivindicados em grande parte por grupos armados radicais, à liberdade concedida, segundo ele, pelo Hamas aos braços militares de outros movimentos para as ações contra Israel.
Hillary deve se reunir amanhã de manhã com o presidente Abbas em Ramallah, na Cisjordânia.