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Abbas e Netanyahu tratam negociação de paz como 'estritamente confidencial'

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, reafirmaram ontem em Sharm El-Sheikh, no Egito, o compromisso de fechar um acordo de paz no prazo de um ano. Os dois lados, porém, preferiram omitir detalhes e tratar como ;estritamente confidencial; o conteúdo da segunda reunião entre os líderes desde a retomada de negociações diretas, no início do mês, em Washington. Netanyahu e Abbas ;iniciaram discussões sérias sobre questões fundamentais;, afirmou o emissário do presidente Barack Obama para o Oriente Médio, George Mitchell, que mediou o diálogo em parceria com a secretária de Estado Hillary Clinton.

Entre os temas tratados estão as pendências que continuam travando o processo de paz desde o início,em 1993: a criação de um Estado palestino, suas fronteiras e condições de segurança; garantias de segurança para Israel; o destino dos refugiados palestinos; e o estatuto de Jerusalém, pretendida por ambas as partes como capital. Além desses itens, os dois lados discutem a polêmica colonização judaica no território palestino da Cisjordânia. Impedido de dar detalhes sobre o encontro, que durou uma hora e 40 minutos, Mitchell desconversou: ;Os esforços continuam e achamos que estamos globalmente no bom caminho;. O chefe da diplomacia egípcia, Ahmed Abul Gheit, que assistiu à reunião dos dois líderes com o presidente Hosni Mubarak, assegurou que ;todos os temas foram abordados;.

Os dois dirigentes não fizeram declarações, mas Yasser Abed Rabbo, membro da delegação palestina, garantiu que Abbas e Netanyahu trocaram ;ideias detalhadas sobre assuntos controversos; na região. ; Mas ainda há verdadeiros obstáculos que requerem mais negociações e consultas, principalmente a insistência do lado israelense na colonização;, ponderou. O porta-voz da chancelaria egípcia, Hossam Zaki, afirmou que ;seria ingênuo acreditar ser possível ter algo de concreto apenas na segunda rodada de discussões;. Em Washington, os líderes israelense e palestino comprometeram-se a encontrar-se regularmente a cada 15 dias. Após a conversa de ontem, Hillary embarcou para Jerusalém, onde se reunirá hoje com Netanyahu e outras autoridades israelenses. Amanhã, ela visitará Abbas e o primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, em Ramallah (Cisjordânia).

O ex-senador Mitchell, um dos artífices do processo de paz entre nacionalistas católicos e protestantes pró-britânicos na Irlanda do Norte, reiterou o pedido dos EUA para que Israel prorrogue o congelamento da expansão das colônias na Cisjordânia. ;Nossa posição é bem conhecida e não mudou. Como o presidente Obama disse recentemente, acreditamos que seria lógico estender a moratória, especialmente porque as partes estão movimentando-se em uma direção construtiva;, disse.