Os turcos apoiaram o governo islâmico moderado do premiê Recep Tayyip Erdogan, ao aprovarem ontem, com 58% dos votos, o referendo sobre a reforma constitucional que limita o poder dos tribunais e do Exército. As duas instituições fazem parte da oposição, que defendem um governo laico, livre da participação de religiosos. ;O 12 de setembro será um dia crucial na história democrática da Turquia;, afirmou o primeiro-ministro. ;Nosso povo superou uma etapa histórica rumo à democracia e à supremacia do estado de Direito. Que alegria em aumentar o nível de normas democráticas na Turquia!”, declarou Erdogan.
O resultado da votação supõe um sucesso importante para Erdogan e seu partido, da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), às vésperas das eleições legislativas de 2011. A consulta, realizada exatamente 30 anos depois do golpe de 1980, refere-se a um pacote de 26 emendas que inclui temas como a reorganização de altas instâncias judiciais, hostis ao AKP, no poder desde 2002.
Desde essa data, o AKP ; dirigido por Erdogan ; não perdeu nenhuma eleição. Nas últimas eleições legislativas de 2007, obteve 47% dos votos. Mas foram observados sinais de perda de popularidade no pleito municipal do ano passado, vencido com 39% dos votos. ;Estas eleições tinham um ar de voto de confiança para o AKP, e eles conseguiram;, comentou o analista Tarhan Erdem à emissora NTV. Para Riza Türmen, antigo juiz da Corte Europeia de Direitos Humanos, o fato de 40% dos eleitores terem rejeitado a nova Constituição é um problema. ;Uma Constituição deve ser fruto de um contrato social, e o novo texto não é;, disse.