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Obama inicia ofensiva sobre economia para evitar derrota eleitoral

Washington - O presidente americano, Barack Obama, continuou nesta quarta-feira (8/9) a ofensiva sobre a economia e o emprego, prometendo bilhões de dólares em incentivos fiscais para as pequenas e médias empresas, com a esperança de evitar uma derrota democrata nas eleições legislativas de novembro.

"Trata-se sempre do medo contra a esperança, do passado contra o futuro", afirmou o presidente em um discurso em Cleveland (Ohio, norte), onde anunciou novas medidas para tranquilizar os eleitores desmotivados por uma retomada econômica que demora a dar frutos, com uma taxa de desemprego estancada em 9,6%.

Obama citou novamente o plano de US$ 50 bilhões para a construção e renovação da infraestrutura nos Estados Unidos, anunciado na última segunda-feira em Wisconsin (norte) por ocasião do Dia do Trabalho.

O presidente declarou que os congressistas republicanos se opõem a esse tipo de medida. "É necessário combatê-los com unhas e dentes", disse diante da plateia.

Entre as medidas anunciadas por Obama, inclui-se um plano destinado a autorizar as empresas a deduzir dos impostos o custo total dos investimentos. O programa prevê US$ 200 bilhões em renúncias fiscais durante dois anos.

O presidente propôs também reativar um plano de deduções fiscais para as empresas que investirem em pesquisa e tecnologia. Essa medida deve custar US$ 100 bilhões em 10 anos.

No momento em que o déficit americano alcança níveis recordes, Obama afirmou que trabalhará com o Congresso para que essas medidas sejam financiadas com fundos provenientes de outros programas já aprovados.

Mas em pleno período eleitoral, a negociação com os congressistas ameaça ser árdua. A campanha para as eleições de metade de mandato, tradicionalmente iniciada no Dia do Trabalho, começou mal para os democratas.

Uma pesquisa do Wall Street Journal/NBC News publicada na terça-feira atribui ao Partido Republicano 49% das intenções de voto entre as pessoas que planejam votar, contra 40% aos democratas. Tal diferença permitiria à oposição conseguir as 39 cadeiras necessárias para obter maioria na Câmara dos Representantes.

Em 2 de novembro, a totalidade da Câmara Baixa deverá ser renovada, e 37 dos 100 assentos do Senado.

Consciente das dificuldades dos democratas, Obama reconheceu que o que foi feito nos últimos anos não funcionou "tão rápido quanto se esperava". Completou, no entanto, que "vocês não me elegeram para evitar os problemas maiores, mas para fazer o que é justo".

Por outro lado, o presidente anulará as reduções de impostos feitas em 2001 e 2003, sob a presidência de George W. Bush, para as famílias que ganham mais de US$ 250 mil anuais e para os contribuintes individuais com renda superior a US$ 200 mil. Essas medidas expiram no fim do ano.

"Essas pessoas são as menos propensas a gastar dinheiro, por isso os economistas não pensam que as reduções de impostos para os mais ricos beneficie muito a economia", disse Obama, que prefere reduzir os impostos da classe média.

Os republicanos criticam essa iniciativa. "Não teremos uma economia mais forte se subirem os impostos àqueles que devem investir na economia e contratar novamente", disse o líder da minoria republicana John Boehner, à emissora ABC, na manhã desta quarta-feira.