Os grupos armados multiplicaram nas últimas semanas os ataques contra o território isolado de Walikale, leste da República Democrática do Congo, aproveitando a densidade da vegetação, a falta de estradas e a fragilidade da rede de comunicações.
Rebeldes hutus das Forças Democráticas de Libertação de Ruanda (FDLR) e suas milícias aliadas locais Mai-Mai cometeram estupros e saques sistemáticos em Luvungi durante quatro dias no final de julho e início de agosto.
Luvungi se encontra 70 km a nordeste de Walikale, principal cidade do território, a única rota que leva a Goma, a capital provincial.
Na selva que domina quase todo o território, os membros do FDLR e do Mai Mai têm suas bases, de ondem lançam ataques contra os povoados situados à margem das estradas. Num dos ataques mais violentos, em 30 de julho, os grupos saquearam e estruparam 284 mulheres em Luvungi.
Só depois de mais de um mês essas mulheres puderam narrar o horror vivido na madrugada do ataque a este povoado de 2.160 habitantes.
Em grupos de sete homens, os rebeldes invadiram as cabanas de barro seco, agrediram e afugentaram os homens e, em seguida, começaram a procurar por ouro, chegando a revistar as partes íntimas das mulheres para ver se não estavam escondendo o metal precioso. Em seguida, deram início ao estupro coletivo diante do olhar apavorados das crianças.
"Eles tiraram minha roupa, me jogaram no chão e disse que havia chegado minha hora de morrer", contou Anna, uma octogenária que foi estuprada por quatro homens. Ela teve dois dedos cortados a machado.
No total, 284 mulheres e menores - de 13 a 80 anos - foram estupradas nessa noite em Luvungi.