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Retratação das acusações do filho de Hariri reforça posição da Síria

A mais recente declaração do primeiro-ministro libanês Saad Hariri, que em uma entrevista afirmou que ter acusado a Síria pelo assassinato de seu pai em 2005 foi um erro, demonstra, cinco anos depois da retirada das tropas sírias do Líbano o aumento da influência de Damasco neste país.

Pouco depois do assassinato do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, em fevereiro de 2005 em um atentado em Beirute, seu filho e aliados acusaram o governo sírio do crime, apesar de Damasco sempre negar qualquer envolvimento.

Em abril de 2005, sob pressão da oposição libanesa e da comunidade internacional, a Síria se viu obrigada a retirar suas tropas do Líbano, depois de três décadas de presença no país.

Mas agora Saad Hariri, hoje chefe de Governo, afirma ter cometido um erro ao acusar a Síria, segundo a entrevista que deu ao jornal As-Sharq Al-Awsat. "Em um dado momento, cometemos erros. Acusamos a Síria de ter assassinado o primeiro-ministro mártir. Tratou-se de uma acusação política, e essa acusação política acabou", declarou.

A retratação do filho de Hariri, classificada por um jornal libanês de "bomba política", acontece num momento em que a tensão aumenta no Líbano à espera da publicação da ata de acusação (data ainda não definida) do Tribunal Especial para o Líbano (TEL), criado em 2007 por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU e encarregado de investigar o assassinato do primeiro-ministro libanês.

Os dois primeiros informes da comissão de investigação indicavam as provas que acusavam os serviços de inteligência sírios e libaneses, mas nenhum suspeito foi detido.