Brasília ; O Irã anunciou nesta quarta-feira (8/9) a revisão da sentença de morte por apedrejamento da viúva Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos, por asssassinato e adultério. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irã, Ramin Mehmanparast, disse que a sentença foi temporariamente suspensa para efeitos de revisão. A hipótese de pena de morte não está afastada e o apedrejamento pode ser substituído por enforcamento.
As informações são da rede estatal de televisão do Irã, PressTV. ;A sentença de condenação da Sra. Ashtiani por adultério foi interrompida e [seu] caso está sendo revisto. Mas a condenação por cumplicidade no assassinato está em andamento;, afirmou o porta-voz.
Como nesta terça-feira (7/9), Mehmanparast condenou os que associam a pena imputada a Sakineh à violação de direitos humanos. ;A defesa de uma pessoa condenada por assassinato não deve ser transformada em uma questão de direitos humanos;, disse Mehmanparast. Segundo ele, se for concedido tratamento relativo à violação de direitos humanos a casos como o da viúva, acusados de homicídio em vários países devem ser tratados de forma diferenciada também.
A condenação de Sakineh à morte por apedrejamento foi alvo de reações e críticas no mundo inteiro. Houve campanhas de presidentes da República e de organizações não governamentais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa da viúva e ofereceu o Brasil como destino para ela morar. A oferta de Lula foi recusada pelo governo do Irã.
Pela Justiça do país, a viúva é acusada de participação na morte do marido e de manter relações sexuais com dois homens. A acusação é rebatida por Sakineh e a família dela, mas as autoridades iranianas afirmam que eles mentem. Hoje, o porta-voz reiterou que o mundo deve ;pensar no sentimento da família da vítima;, no caso o marido de Sakineh.
Em 29 de agosto, o escritório dos Direitos Humanos do Poder Judiciário iraniano informou, em comunicado, que a sentença de morte de Sakineh estava encerrada. Mas ainda havia um ação pendente no Departamento de Direitos Humanos. Recentemente, houve informações de que a viúva foi condenada, em outra ação, a receber 99 chibatadas por ter tido uma fotografia, em que aparece sem o véu islâmico, publicada no jornal inglês The Times.