Às 20h11 de ontem (21h11 em Brasília), do Salão Oval da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou: ;Nessa noite, declaro que a missão de combate dos EUA no Iraque acabou;. Em 25 minutos, ele fez um discurso marcado pela cautela e pelo realismo. ;Eu encorajo os líderes iraquianos a moverem-se adiante contra a insurgência;, declarou, lembrando que eles precisam formar ;rapidamente; um novo governo. ;A violência não vai acabar com o fim dos combates. (;) Mas o povo do Iraque tem rejeitado a guerra sectária;, acrescentou. Obama disse que ;é hora de virar a página; e explicou que a tarefa ;mais urgente; é restaurar a economia do país e ;colocar os milhões de americanos desempregados de volta ao trabalho;.
;Acabar com esta guerra não é apenas do interesse do Iraque ; mas nosso. Os EUA pagaram um alto preço para colocar o futuro do Iraque nas mãos de seu povo. Enviamos nossos jovens, homens e mulheres para fazer enormes sacrifícios no Iraque, e gastamos vastos recursos no exterior, em uma época de orçamentos apertados dentro do país;, disse Obama. Desde a invasão do país, em março de 2003, 4,4 mil soldados americanos morreram no Iraque e 30 mil ficaram feridos. O número de civis mortos passa de 97 mil, segundo o site Iraq Body Count.
O presidente guardou as críticas mais duras à guerra de seu antecessor, George W. Bush, e até assumiu esse momento como um ;capítulo notável na história dos Estados Unidos e do Iraque;. ;Perseveramos por causa de uma crença que compartilhamos com o povo iraquiano ; a crença de que, a partir das cinzas da guerra, um novo começo pode nascer neste berço da civilização;, declarou. Ele revelou ter conversado, na tarde de ontem, com Bush. ;Dessa mesa, há sete anos, o presidente Bush anunciou o início da guerra. As coisas mudaram;, disse. Obama garantiu que ambos estão ;unidos em nossa esperança pelo povo iraquiano;.
Nas horas que antecederam o aguardado discurso sobre o fim dos combates, o presidente tentou demonstrar que mantém os pés no chão. O próprio Obama disse a soldados de Fort Bliss, no Texas, que o clima não era de ;vitória;, nem de ;autocongratulação;. Obama deixa a segurança nas mãos de forças locais despreparadas e sem liderança certa ; o governo iraquiano ainda não foi formado. Em Bagdá, o primeiro-ministro iraquiano, Nuri Al-Maliki, comemorou o recuo das tropas e assegurou que as ;forças de segurança iraquianas são capazes de assumir total responsabilidade; pelo país. ;Vocês estão recuperando a soberania do seu país;, garantiu, em discurso televisionado.
Afeganistão
No discurso de ontem, Barack Obama afirmou que em julho de 2011 as forças americanas que combatem a insurgência talibã no Afeganistão começarão ;uma transição para a responsabilidade afegã;. Mas ele pareceu recuar da garantia, feita em dezembro, de que suas tropas iniciariam a retirada em 11 meses. ;O ritmo das nossas reduções de tropas será determinado pelas condições no terreno, e nosso apoio ao Afeganistão vai perdurar;, prometeu. ;Não se enganem: esta transição começará porque a guerra aberta não serve nem aos nossos interesses, nem aos do povo afegão;, concluiu o mandatário.
De cara nova
Antes mesmo de Barack Obama entrar em cena, os fotógrafos credenciados na Casa Branca puderam retratar o Salão Oval ; o escritório do presidente ; redecorado ao gosto da nova primeira-família. O selo do governo federal americano continua dominando o piso, mas o carpete azul foi trocado por um claro. Também o papel de parede ganhou tom mais leve, e o resultado é um ambiente mais iluminado, com ar menos ;sisudo; que nos anos Bush.