As autoridades paquistanesas pediram nesta quinta-feira (26/8) que 400.000 habitantes abandonem três cidades ameaçadas pelas altas do rio Indo, no sul do Paquistão, um mês depois do começo das inundações devastadoras que já deixaram sem teto 5 milhões de pessoas.
As águas começaram a baixar no norte e no centro do país, os mais afetados desde o início da catástrofe natural.
Mas as chuvas torrenciais continuam no sul, onde fizeram subir o nível do Indo a níveis críticos perto de sua foz, obrigando nos últimos dias milhões de pessoa a fugir das novas inundações na província meridional de Sind.
"Pedimos aos habitantes de Sujawal, de Mirpur Bathoro e de Daro que saiam dessas três cidades para zonas seguras devido a possíveis inundações", declarou à AFP Hadi Bakhsh Kalhoro, um responsável administrativo do distrito de Thatta.
Essas três cidades têm uma populaçao total de 400.000 pessoas.
Na terça, as autoridades alertaram que os próximos três dias seriam críticos antes que as águas começassem a baixar em Hyderabad, sexta maior cidade do Paquistão, com mais de 2,5 milhões de habitantes, e seus arredores.
O presidente do Paquistão, Assif Ali Zardari, advertiu à população que levará vários anos para que o país se recupere das devastadoras inundações, enquanto que as promessas de ajuda internacional superaram os 700 milhões de dólares.
Um mês de inundações já custou a vida de cerca de 1.500 pessoas e deixou 20 milhões de habitantes no pior desastre natural sofrido pelo Paquistão em sua história, com a ameaça permanente de enfermidades nos acampamentos onde os sobreviventes desesperados se refugiaram.
Zardari foi muito criticado por não ter encurtado uma visita à Europa no início da catástrofe natural e, apesar de ter defendido essa decisão, reconheceu que algumas críticas à resposta governamental estavam justificadas.
As enchentes provocadas há quase um mês pelas chuvas de monção, de violência sem precedentes, afetaram 20% do território paquistanês.
No noroeste e nordeste, as zonas mais afetadas quando começaram as inundações, assim como no centro, as águas começaram a baixar, revelando aldeias destruídas e campos de lodo.
Em pleno Ramadã, milhões de paquistaneses sobrevivem em acampamentos administrados pelas autoridades, pela ONU ou por organizaçõs não governamentais. No entanto, a maioria não tem um teto onde dormir ou permanece em abrigos precários, sem alimentos, água potável ou remédios.
"Estimamos em 4,8 milhões o número de pessoas sem casa atualmente", declarou na segunda-feira à AFP Maurizio Giuliano, portavoz da Agência de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) em Islamabad.
As autoridades paquistanesas afirmam lidar há vários dias com epidemias de cólera, tifo e hepatite.