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Australianos punem a primeira-ministra e parlamento fica sem maioria

A Austrália ficará com um parlamento sem maioria, em um período de instabilidade, depois das eleições legislativas bastante acirradas deste sábado (21/8), que deixaram num empate virtual os conservadores e os trabalhistas da primeira-ministra Julia Gillard, punida dessa forma pelos eleitores.

Julia Gillard, de 48 anos, que sucedeu em junho passado Kevin Rudd no cargo de chefe de Governo, decidiu convocar estas eleições antecipadas para aproveitar as pesquisas que lhe eram favoráveis e confirmar assim sua maioria.

No entanto, segundo os resultados ainda parciais anunciados pelo canal público ABC, a oposição conservadora de Tony Abbott obtinha 73 cadeiras contra 70 para os trabalhistas, quando são necessárias 76 cadeiras para conseguir a maioria no parlamento, que conta com 150 deputados.

A própria ex-vice-primeira-ministra do governo de Rudd reconheceu que os trabalhistas não conseguirão as 76 cadeiras.

As projeções do ABC dão no final 73 cadeiras aos conservadores, 72 aos trabalhistas, 4 aos deputados independentes e uma cadeira aos Verdes.

"Os eleitores se expressaram, mas será necessário algum tempo para determinar exatamente o que quiseram dizer", declarou Julia Gillard ante seus seguidores em Melbourne, inspirando-se em uma frase do ex-presidente democrata americano Bill Clinton.

"O que ficou claro esta noite é que os trabalhistas perderam definitivamente a maioria. Estamos prontos para governar", declarou, por sua vez, Tony Abbott.

Será a primeira vez desde 1940 que a Austrália não contará com uma maioria definida no parlamento. Neste caso, os trabalhistas terão de se aliar com os ecologistas para formar o governo.

"É possível que apenas tenhamos um governo de duas semanas", estimou Norman Abjorensen, pesquisador da Universidade Australiana.

Julia Gillard assegurou, no entanto, que continuará governando.

Os dois campos vão se lançar em grandes manobras para conseguir o apoio dos independentes ou dos Verdes, mas a coalizão que surgirá deve correr o risco de ter problemas para governar, segundo os analistas. "É a receita apropriada para muita instabilidade e incerteza", segundo Abjorensen.

Os resultados desta votação constituem um sério revés para Julia Gillard, cuja popularidade nas pesquisas não parou de cair durante as sete semanas de campanha.

Para seu adversário Abbott, esta votação representa um referendo contra a execução política do primeiro-ministro (Kevin Rudd) pelo Partido Trabalhista.

Julia Gillard parece de fato pagar de maneira brusca e inesperada a forma com que Rudd foi afastado da direção do partido governante, num momento em que este experimentava uma queda em sua popularidade.

Segundo os analistas, Gillard também se viu prejudicada por suas impopulares declarações sobre a taxação das enormes rendas de mineração assim como seu retrocesso em suas propostas para lutar contra o aquecimento climático.