Chegou ontem à Romênia o primeiro grupo de ciganos repatriados pela França, que decidiu endurecer a política migratória em relação ao grupo étnico, ao qual pertenceriam 15 mil estrangeiros em situação irregular no país. Levados ao aeroporto de Lyon sob escolta policial, os 93 ciganos desembarcaram em Bucareste em meio a questionamentos da imprensa local sobre a ausência de um programa governamental para reinserir os deportados. Até o fim do mês, o governo francês planeja enviar para a Romênia e a Bulgária cerca de 700 ciganos em situação irregular, a despeito de críticas dos defensores dos direitos humanos.
;A França é o país da Europa que mais respeita os direitos dos estrangeiros, particularmente os que estão em situação irregular. Ou, sejamos modestos, um dos países mais respeitosos. Por isso, não temos lições a aprender;, afirmou o ministro da Imigração, Eric Besson, ao canal de televisão France 2. ;No ano passado, emitimos 170 mil vistos de permanência e nos tornamos o segundo país do mundo, depois dos Estados Unidos, em matéria de asilo. Portanto, a França dá uma contribuição significativa à redução da miséria no mundo;, prosseguiu o ministro.
O governo direitista do presidente Nicolas Sarkozy implantou um programa de repatriação voluntária para os ciganos em 2009, e apenas no ano passado enviou 10 mil para a Romênia e a Bulgária. As autoridades francesas reconhecem, no entanto, que os repatriados são cidadãos da União Europeia (UE) e, por isso, poderiam voltar à França sem visto e permanecer três meses sem justificação. Além da oposição de esquerda, que classificou a política como ;racismo de Estado;, o governo francês foi criticado pelas Nações Unidas e até pelo comissariado de Justiça e Direitos Fundamentais da UE, que cobrou respeito ;às normas que garantem liberdade de circulação e residência para os cidadãos europeus;.