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Ex-senador colombiano é condenado por vínculos com grupos paramilitares

A Corte Suprema de Justiça da Colômbia condenou a sete anos e cinco meses de prisão o ex-senador Luis Humberto Builes, do partido Cambio Radial, pela promoção de grupos armados.

Segundo a sentença, os paramilitares das ;Autodefensas Unidas de Colombia; (AUC, extrema-direita) desenvolveram um projeto político que, aliado ao Cambio Radical, conseguiu eleger para o Senado o candidato, Luis Humberto Builes, no pleito de 2002.

Com Builes são 19 os parlamentares ou ex-parlamentares condenados pela Corte Suprema por vínculos com grupos armados de extrema-direita, num escândalo denominado como o da ;parapolítica;.

No total, as autoridades investigam 91 senadores e representantes por esses vínculos.

Em 2008, a prisão do primo do então presidente colombiano Alvaro Uribe agravou os efeitos do chamado processo da "parapolítica".

A investigação é feita pela Corte Suprema de Justiça e a Procuradoria Geral da Nação.

O máximo tribunal da justiça colombiano se encarrega de investigar os congressistas, enquanto a Procuradoria se incumbe dos ex-parlamentares ou líderes políticos sem cargo no Executivo.

O chamado escândalo da parapolítica foi deflagrado em 2006 no país por meio da revelação de vínculos de políticos com paramilitares, os grupos armados de extrema-direita denominados "autodefesas". Segundo denúncias, vários líderes políticos e funcionários do governo teriam sido beneficiados pela aliança que estabeleceram com os grupos ilegais; alguns teriam conseguido eleger-se em prefeituras, conselhos municipais e no Congresso nacional.

De acordo com as denúncias, políticos vinculados a esses grupos paramilitares desviaram dinheiro para financiar operações armadas, com massacres e assassinatos seletivos de líderes sindicais e comunitários. A Corte Suprema de Justiça e o Ministério Público colombiano conseguiram provas e depoimentos que vinculavam funcionarios governamentais e políticos da base de apoio ao governo com os grupos paramilitares e as ações.

As investigações do escândalo levaram à queda de figuras públicas, como a chanceler María Consuelo Araújo que deixou o cargo após a prisão do irmão.

Também foi investigada a ex-presidente do Senado, a governista Nancy Patricia Gutiérrez.

Um dos ex-chefes das AUC, o líder paramilitar colombiano Salvatore Mancuso, preso desde a desmobilização do grupo, afirmou que mais de 50% dos congressistas colombianos têm ligações com os grupos armados irregulares de esquerda e direita no país.

"A combinação das conexões das autodefesas e guerilha supera 50% dos membros do Congresso vinculados a esses fenômenos", disse Mancuso ao canal de televisão RCN.

Mancuso reiterou que 35% dos integrantes do atual legislativo acertaram a eleição com as Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), que concluíram a desmobilização em 2006, depois de um processo de paz com o governo do presidente Uribe.