Vários países se dispuseram nesta terça-feira (17/8) a entregar novos donativos ao Paquistão, respondendo em parte ao apelo da ONU por uma ajuda de emergência, para evitar uma "segunda onda de mortos" nas zonas sinistradas pelas piores inundações da história do país. A pior catástrofe da história do país já matou pelo menos 1.600 pessoas, segundo a ONU, afetando 20 milhões.
A ONU anunciou nesta terça-feira (17/8) que o dinheiro começava a chegar mais depressa, depois de ter lançado um apelo internacional de doações de 460 milhões de dólares para um socorro urgente a seis milhões de pessoas mais vulneráveis. Na manhã de segunda-feira (16/8), a verba chegava a 20% do total e no final da tarde desta terça-feira (17/8), a 40% segundo a ONU.
No Paquistão, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, havia feito um apelo domingo à comunidade internacional a "acelerar sua ajuda ao povo paquistanês". Seu apelo "parece ter sido ouvido" e "caminhamos na boa direção", destacou nesta terça-feira Gen;ve Elisabeth Byrs, porta-voz do Birô de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (Ocha). A comunidade internacional "começa a se mobilizar", disse ela.
O Japão anunciou nesta terça-feira 10 milhões de dólares de ajuda suplementar de emergência. A Austrália triplicou o montante de sua ajuda, elevando-a a 35 milhões de dólares, e a Turquia dobrou-a, a 11 milhões de dólares. A Arábia Saudita ofereceu 20,5 milhões de dólares. Os Estados Unidos prometeram 87 milhões de dólares em espécie e material de socorro.
No entanto, na opinião geral, os 182 milhões de dólares já recebidos pela ONU, que também contabilizou 43 milhões de dólares em promessas de ajuda, estão longe de atender aos objetivos. Daniel Toole, diretor regional da Unicef, convidou "urgentemente a comunidade internacional a transformar as promessas de donativos em cheques".
Maurizio Giuliano, porta-voz da Ocha, havia declarado segunda-feira temer uma "segunda onda de mortos" entre as pessoas afetadas pela catástrofe na falta de novos donativos internacionais.
Cerca de seis milhões de paquistaneses, entre eles 3,5 milhões de crianças, são consideradas ameaçadas por doenças ligadas à água contaminada. "Precisamos de dois milhões de dólares por dia para fornecer água potável às vítimas, mas isso é quase impossível", explicou Daniel Toole, da Unicef.
[SAIBAMAIS]O Programa Alimentar Mundial (PAM) preveniu que "os estoques de alimentação estão sob forte pressão para o mês de setembro". O Alto Comissariado da ONU para os refugiados (HCR) também expressou sua preocupação. "Nossos fornecimentos começam a reduzir. Temos necessidade de pontes aéreas e de grandes montantes para enfrentar esta crise", declarou o porta-voz do HCR, Andrej Mahecic.
O embaixador do Paquistão na ONU em Genebra, Zamir Akram, estimou que a reconstrução poderia custar 2,5 bilhões de dólares (1,9 bilhão de euros) apenas para o norte do país, onde as inundações começaram, antes de seguirem para o centro e o sul.
E o presidente paquistanês Asif Ali Zardari destacou que o país precisará de vários anos para se recompor do que, segundo ele, é "a maior calamidade da história do mundo".