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Crianças sob risco de epidemias

Cerca de 3,5 milhões de crianças correm risco de contrair doenças letais em consequência das piores enchentes dos últimos 80 anos no Paquistão, que contabiliza 1,6 mil mortos e mais de 20 milhões afetados. ;As crianças estão fortemente expostas a enfermidades que vêm da água, como a diarreia;, afirmou ontem Maurizio Giuliano, porta-voz do Escritório de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (Ocha). Segundo Giuliano, os menores costumam ser os primeiros a sofrer com a falta de água, alimentos e produtos de higiene, sem falar em doenças como febre tifoide e hepatites dos tipos A e E.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estima que, dos 20 milhões de afetados pelas enchentes, 6 milhões tenham menos de 18 anos. Desse grupo, 2,7 milhões precisam de assistência urgente para sobreviver. ;Já deve haver milhares de mortos entre os mais vulneráveis (crianças e idosos);, advertiu o porta-voz do Ocha. Ele destacou que o número de vítimas da catástrofe deve ser bem maior que o revelado pelos dados oficiais.

Enquanto alerta para os riscos que podem atingir o país, a Organização Mundial da Saúde (OMS) prepara-se para tratar até 140 mil pessoas no caso de uma epidemia de cólera. ;Mas o governo não relatou nenhum caso confirmado;, ressaltou Giuliano. A OMS dispõe em estoque de medicamento suficiente para atender a até 2 milhões de contaminados por malária e 1,5 milhão com diarreia ;Nossas principais preocupações são a água e a saúde. Durante as inundações, a água foi fortemente contaminada;, informou o porta-voz do Ocha.

Dinheiro
O Banco Mundial anunciou ontem, em comunicado, que vai repassar US$ 900 milhões (R$ 1,6 bilhão) ao Paquistão como ajuda imediata para reconstrução. No domingo, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, visitou o país e pediu à comunidade internacional US$ 459 milhões (R$ 813 milhões) de ajuda às vítimas, em cartáter de emergência. Até ontem, o governo paquistanês havia recebido apenas US$ 125 milhões (R$ 221 milhões).

A verba repassada de imediato será destinada a adquirir comida, água potável, material hospitalar e tendas de campanha. A longo prazo, a ONU alertou que será necessário mais dinheiro para reconstruir vilarejos, obras de infraestrutura e áreas de plantações destruídas pelas águas. O presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, afirmou que o país terá de auxiliar os afetados pela catástrofe durante os próximos dois anos, pelo menos.