A possibilidade de um diálogo de paz com a guerrilha das Farc foi sustado, com o presidente de Colômbia, Juan Manuel Santos, afirmando hoje (13/8) que não há condições para isso, depois da explosão de um carro-bomba em Bogotá.
"O governo nacional, quando considerar que as circunstâncias forem dadas abrirá logo as portas (do diálogo)", disse Santos durante cerimônia militar na cidade de Popayán, 600km a sudoeste de Bogotá.
No ato de posse, no último sábado, Santos havia deixado entreaberta a porta do diálogo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), se abandonassem a violência. "Aos grupos armados ilegais que invocam razões políticas e hoje falam novamente de diálogo e negociação, digo que meu governo estará aberto a qualquer conversação voltada à erradicação da violência, e à construção de sociedade mais próspera e justa", disse Santos em referência tácita às Farc.
O líder da guerrilha, Alfonso Cano, havia manifestado desejo de diálogo com as autoridades, em vídeo divulgado há uma semana.
Logo em seguida, Santos condicionou esse eventual diálogo à libertação dos reféns e ao fim de atos terroristas, entre outras exigências.
As Farc, com cerca de 8 mil combatentes segundo os militares, lutam contra o Estado colombiano há 46 anos, sendo a principal guerrilha do país, seguida pelo Exército de Libertação Nacional (ELN), com 3,5 mil efetivos.
Segundo Santos, "muitos insinuaram que poderiam fazer um trabalho (de paz) aqui e lá. A resposta é: ;Muito obrigado, mas não. Nem no exterior nem na Colômbia", disse, em alusão à senadora liberal Piedad Córdoba, que conversou sobre o assunto ontem com o líder cubano Fidel Castro.
Santos reafirmou que, no momento, "fica absolutamente desautorizada qualquer gestão paralela".
O presidente fez questão de deixar clara essa posição no dia seguinte da explosão de um carro-bomba na zona norte de Bogotá, onde fica a rádio Caracol, um possível alvo, segundo as autoridades.
A autoria do atentado, que deixou nove pessoas feridas e causou danos materiais em prédios próximos, ainda não foi estabelecida.
O ministro da Defesa, Rodrigo Rivera, disse nesta sexta-feira que nenhuma hipótese foi descartada, admitindo que o ataque poderia ser obra das Farc ou de grupos da extrema-direita.
Santos anunciou nesta sexta-feira recompensa de 500 milhões de pesos (US$ 273 mil dólares) a qualquer informação que permita esclarecer o atentado.
Para o ataque foi usado um carro carregado com 50kg de nitrato de amônio e uma pipeta de gás propano, informou o prefeito da cidade, Samuel Moreno.