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Rússia instala mísseis de defesa antiaérea S-300 na Abkházia

A Rússia instalou mísseis de defesa antiaérea S-300 na Abkházia, região separatista pró-russa da Geórgia, declarou nesta quarta-feira (11/8) o comandante das forças aéreas russas, Alexandre Zeline, citado pelas agências de notícias locais.

Além de uma bateria de mísseis antiaéreos na Abkházia, outros meios de defesa antiaérea foram instalados na Ossétia do Sul, território separatista georgiano vizinho à fronteira russa. O anúncio foi feito nesta quarta-feira pelo comandante da força aérea russa, Alexandre Zelin, citado pela agência Itar-Tass. "O objetivo destes meios de defesa antiaérea é não apenas proteger os territorios da Abkházia e da Ossétia do Sul, e sim destruir qualquer aparato que viole o espaço aéreo, qualquer que seja sua missão", afirmou o general Zeline,

A Geórgia, que assumiu um perfil bastante pró-ocidental desde a chegada ao poder, em 2003, do presidente Mikhail Saakashvili, reagiu imediatamente à notícia, considerando que a atitude russa deveria ser considerada "fonte de preocupação" pela Aliança Atlântica. "Isso deveria ser uma fonte de preocupação, não apenas para a Geórgia, mas também para outros atores regionais, incluindo a Otan", declarou à AFP Temur Yakobashvili, vice-primeiro-ministro da Geórgia. "Isso muda o equilíbrio de forças na região".

"É evidente que a Rússia utiliza estes territórios ocupados como uma plataforma militar para projetos mais amplos do que apenas para a Geórgia", considerou.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ainda não reagiu ao anúncio de Moscou, mas a cúpula da Aliança já vinha questionando a legalidade de um acordo, assinado em fevereiro entre Moscou e a Abkházia, que definia a instalação de uma base militar russa em seu território.

Os acordos militares firmados pelos russos com as regiões separatistas georgianas permitem que o país mantenha até 3.400 soldados em seus territórios durante um período de 49 anos.

Um acordo de cessar-fogo, negociado sob a égide da União Europeia e assinado em 12 de agosto de 2008 após dois anos de guerra entre Rússia e Geórgia, previa a retirada das forças russas dentro dos limites anteriores ao conflito.

Segundo Iakobashvili, os mísseis na Abkházia são também "uma resposta assimétrica à instalação de elementos do escudo antimísseis dos Estados Unidos no Leste europeu".

Rússia e Geórgia se enfrentaram há dois anos em um conflito relâmpago pelo controle da Ossétia do Sul, após o qual Moscou reconheceu unilateralmente a independência das repúblicas separatistas - atitude acompanhada no cenário internacional apenas por Venezuela, Nicarágua e pela pequena ilha de Nauru, no oceano Pacífico.