Os socorristas que instalam sondas para chegar até os 33 mineiros presos desde a última quinta-feira em uma jazida no norte do Chile anunciaram uma falha que atrasará os trabalhos, ao mesmo tempo em que começam os questionamentos sobre essa mina, que havia sido fechada três anos atrás por problemas de segurança.
Uma das sondas que constroem pequenos dutos pelos quais se tentará chegar até o grupo de mineiros avançou até os 300m de profundidade, no meio do caminho do local onde se acredita que estejam refugiados os trabalhadores, disse o vice-secretário de Mineração, Pablo Wagner.
No entanto, horas depois, o ministro de Mineração, Laurence Golborne, reconheceu que essa máquina tinha um desvio, o que obriga uma correção e, por fim, um atraso na operação da mina San José, nas proximidades de Copiapó, 800km ao norte de Santiago.
A esperança das autoridades é de que os mineiros estejam protegidos em um refúgio situado na parte mais profunda da jazida, a 700m, com provisões estimadas para durar entre 48 e 72 horas.
Espera-se que, pelos pequenos dutos construídos, seja possível lhes mandar comida e medicamentos caso os mineiros sejam encontrados com vida, enquanto se constroi em paralelo um túnel que possa permitir o resgate.
Hoje (10/8) foi celebrada uma missa nos arredores da mina em homenagem aos mineiros presos. Mais cedo, um ato religioso já tinha sido realizado no palácio presidencial, enquanto todos os atos por ocasião do dia do mineiro foram cancelados.
Enquanto prosseguem os trabalhos de resgate, crescem os questionamento sobre a jazida de cobre e ouro de San José, que começou a ser explorada em 1989 e foi fechada três anos atrás por problemas de segurança.
Anton Hraste, ex-diretor regional do Serviço Nacional de Geologia e Mineração (Sernageomin) - que fiscaliza o trabalho de mineração - disse que a jazida "nunca devia ter sido reaberta", depois que o fechamento foi determinado em 2007 após a morte de um trabalhador.
Em 2006, outro mineiro já tinha morrido trabalhando e no começo deste ano um trabalhador sofreu um acidente grave no qual perdeu uma das pernas.
O promotor Sabas Chahuán ordenou uma investigação para esclarecer como ocorreu o desmoronamento que deixou os 33 mineiros presos.
O Chile é o primeiro produtor mundial de cobre. Os acidentes não são frequentes na grande mineração e, em geral, ocorrem em pequenas jazidas.
Só neste ano, 31 pessoas morreram em acidentes de mineração, segundo dados oficiais do Sernageomin. De janeiro de 2000 a julho de 2010, 403 faleceram em acidentes mineiros no Chile.