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Autoridades confirmam mais de 700 mortos nos deslizamentos de terra na China

O balanço de mortos dos piores deslizamentos de terra ocorridos em décadas na China mais que dobrou, informaram as autoridades nesta terça-feira (10/8): já são 702 vítimas fatais, e as esperanças de que os mais de 1.000 desaparecidos sejam encontrados diminuem a cada hora.

Pelo menos três vilarejos foram completamente soterrados por uma avalanche de lama e pedras, provocada pelas fortes chuvas que atingiram no sábado esta remota região da província de Gansu, no nordeste do país.

Nesta terça, um homem de 52 anos foi resgatado vivo do prédio onde morava, coberto por um deslizamento, mais de 50 horas depois do desastre, segundo a agência oficial Xinhua.

Tian Baozhong, diretor do departamento de Situações de Emergência de Gansu, disse à imprensa que as perspectivas da catástrofe são sombrias, depois que o número de mortos mais do que dobrou do dia para a noite. O número de desaparecidos, no entanto, diminuiu levemente para 1.042.

[SAIBAMAIS]Para piorar, a previsão meteorológica para o resto da semana é de mais chuvas, o que deve prejudicar os esforços de resgate e limpeza. O premier chinês, Wen Jiabao, fez um apelo aos socorristas mobilizados na cidade de Zhouqu, uma das mais atingidas, para que acelerem o ritmo das buscas. "Devemos ter total consciência das dificuldades do trabalho de busca e resgate", disse Wen, citado pela Xinhua. "Mas vocês precisam correr contra o relógio e não poupar esforços para salvar vidas".

O presidente, Hu Jintao, coordenou uma reunião de cúpula do Partido Comunista nesta terça-feira para discutir maneiras de enfrentar a atual crise.

Mais de 7.000 soldados e resgatistas trabalham sem parar com a ajuda de cães farejadores em busca de sobreviventes em Zhouqu, onde casas foram destruídas e ruas desapareceram sob até dois metros de lama.

"Meu irmão mais velho está soterrado aqui. Ele estava no andar térreo", contou à AFP Chen Xue, 45 anos, apontando para uma das construções cobertas de lama. Apenas o terceiro andar podia ser visto acima da terra. "Vou esperar aqui até que o tragam para cima", afirmou o homem, reconhecendo que dificilmente voltará a ver o irmão com vida.

Fluxo de água bloqueado
Segundo o governo chinês, os delizamentos carregaram casas, carros e outros destroços para dentro do rio Bailong, que corta a cidade de Zhouqu, bloqueando o fluxo de água e causando inundações em toda a região montanhosa.

O rio Bailong continuava cheio nesta terça-feira, e apenas o topo de postes de luz sçai visíveis acima do nível da água na cidade. Moradores de Zhouqu que escaparam do desastre fazem fila em postos do governo em busca de água potável e comida.

Muitas estradas e pontes também foram destruídas pelos deslizamentos, e equipes de emergência trabalham sem parar para reparar as principais vias de acesso para permitir a chegada de ajuda.

Famílias de vítimas devem receber indenizações
O governo anunciou o pagamento de uma indenização às famílias das vítimas, no valor de 8.000 yuan (cerca de 1.200 dólares) por parente morto.

Xu Shaoshi, ministro da Terra e Recursos, atribuiu a proporção da catástrofe a diversos fatores: além das fortes chuvas, o terremoto de 2008 em Sichuan, que teria desestabilizado as montanhas da região, e uma prolongada seca, que acelerou a erosão do solo.