Pelo menos 127 pessoas morreram e cerca de 1.300 estavam desaparecidas até a noite de ontem depois que uma avalanche de lama agravou a situação no noroeste da China, castigado por chuvas torrenciais nas últimas semanas ; as piores em uma década, segundo as autoridades. O deslizamento destruiu prédios e casas na cidade de Zhouqu, na província de Gansu, uma região de colinas íngremes e penhascos. Os bombeiros conseguiram resgatar 28 sobreviventes, enquanto a defesa civil coordenava a remoção de 20 mil pessoas da área.
A lama se precipitou em plena madrugada de ontem, arrastada pelo Rio Bailong, que atravessa a principal via de Zhouqu. A enchente cobriu metade da cidade, que tem cerca de 40 mil residentes. Em alguns edifícios, o nível da água atingiu até o terceiro andar. Segundo moradores, a cheia foi tão rápida que muitas pessoas ficaram presas. As autoridades esperam que a inundação regrida para fazerem um balanço completo de mortos e desabrigados. Para ajudar esse processo, explosivos removeram os escombros que bloqueavam o fluxo da água. ;É muito difícil localizar as pessoas levadas pela enxurrada. É difícil dizer quais são suas chances de sobrevivência;, resignava-se o policial Ele Youxin, que organizou o resgate.
As imagens da televisão estatal mostravam moradores caminhando sobre ruas cobertas de barro, carros parcialmente enterrados na lama e soldados limpando as ruas com pás, à procura de sobreviventes. As escavadeiras não podem chegar ao local. As equipes de resgate só podem usar ferramentas de uso manual ; e as próprias mãos ; para ajudar os soterrados. ;A lama é o principal obstáculo às operações;, informou um funcionário do governo local. Em algumas ruas, os detritos se acumulavam até a altura de 1m.
Foram mobilizados 3 mil soldados e centenas de profissionais de saúde para o socorro às vítimas, além de 1.200 bombeiros e outros funcionários que trabalham com detectores e botes. O Ministério da Segurança Pública decretou um controle amplo do tráfego nas estrada, para facilitar o envio de ajuda.
Os danos materiais podem chegar a 175 bilhões de iuanes (mais de 30 bilhões de euros) e incluem pelo menos 1,4 milhão casas destruídas. O primeiro-ministro Wen Jiabao chegou ontem à província de Gansu e garantiu que os esforços de resgate continuarão sem descanso. Aldeias inteiras estão debaixo da água no noroeste da China, perto da fronteira com a Coreia do Norte. A meteorologia prevê mais chuvas até pelo menos amanhã. Desde o começo do ano, o país registra mais de 2 mil mortos e 12 milhões de afetados por enchentes.
Alerta no Paquistão
As piores enchentes dos últimos 80 anos provocaram uma emergência sanitária no Paquistão, que contabiliza1.600 mortos no norte e enfrenta chuvas também no sul. Com 15% do território alagado, o país registra milhares de casos de diarreia e infecções de pele. A situação continua piorando na Província de Sindh, no sul, de onde meio milhão de pessoas foram removidas.
;Calculamos que, nas últimas horas, entre 330 e 340 povoados ficaram alagados;, afirmou o porta-voz da Autoridade Nacional de Gestão de Desastres, Ahmad Kamal. O subdiretor de Saúde do Crescente Vermelho no Paquistão, Irfan Ullah, informou que a maioria das vítimas continua sem atendimento médico desde o início das enchentes. Segundo os dados oficiais, 15 mil pacientes foram diagnosticados com diarreia, sarna ou outro tipo de doença cutânea.
A Marinha resgatou sobreviventes em áreas isoladas e o primeiro-ministro Yousef Raza Goulani foi em pessoa ao sul do país acompanhar as operações de salvamento e assistência. Mas o presidente Asif Ali Zardari, que se recusou a interromper uma viagem à Europa, apesar da calamidade, é alvo de duras e indignadas críticas. No sábado, em Londres, um manifestante tentou atirar um sapato em Zardari, mas errou o alvo.