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Manifestantes tomam o aeródromo de Potosí, na Bolívia, durante protesto

O aeródromo da cidade de Potosí (sul da Bolívia) foi tomado hoje (6/8) por manifestantes que protestam há nove dias contra o governo, como parte de uma disputa por limites entre dois departamentos (estados).

Potosí pede ao governo uma definição favorável em relação a uma divergência sobre a jurisdição de Coroma, também reclamada pelo departamento vizinho de Oruro. Além disso, os moradores exigem a construção na cidade de uma fábrica de cimento, entre outras reivindicações de ordem social.

A situação se transformou em verdadeiro pesadelo para os que não conseguem deixar a cidade, entre eles turistas do Brasil, França, Canadá, Chile, Alemanha, Suíça, Argentina, Itália e Espanha.

"Trabalhadores tomaram o aeródromo capitão Rojas, onde puseram pedras na pista e em torno das instalações; muitos levam dinamite", confirmou à AFP o porta-voz dos manifestantes, Alberto Encinas.

Eles querem respostas urgentes do governo de Evo Morales para uma série de demandas departamentais.

Participam representantes de sindicatos, mineiros, educadores e grande parte de moradores desta cidade de 160 mil habitantes, explicou.

O aeroporto de Potosí é capacitado para receber, apenas, aeronaves de pequeno porte.

Capital do departamento (estado) de Potosí, uma das cidades de maior altitude do mundo (3.967 metros), vive intensa turbulência política, com greves, lojas fechadas e saque a supermercados.

"Estão comigo meus dois filhos e uma parente com asma", diz à AFP o francês Pascal Goujot. "Fomos à Cruz Vermelha, onde nos deram um pouco de oxigênio, recomendando que deixássemos logo a cidade, mas isso é impossível". "Não há polícia, nem Exército, é a anarquia completa", comenta.

Conta que bananas de dinamite - carregadas por alguns manifestantes - "explodem por todos os lados", enquanto "as embaixadas limitam-se a aconselhar que fiquemos nos hotéis;".

A francesa Luzmira Giniot diz que "a situação é grave. Fui a sindicatos, conversei com a polícia e militares. Estes últimos nos disseram que nada podiam fazer por nós; e que, se saíssem às ruas, ia haver uma guerra civil".

Os ônibus com turistas que tentaram deixar a cidade, são parados na estrada, bloqueados por pedras e vidros espalhados em um grande trecho para evitar a passagem de qualquer veículo.