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Jovem mutilada no Afeganistão será operada na Califórnia

Uma jovem afegã de 18 anos, que posou para a controversa capa da revista Time deste mês, exibindo o nariz e as orelhas mutiladas como forma de denunciar a crueldade dos talibãs contra as mulheres, será operada na Califórnia, oeste dos Estados Unidos.

Segundo a publicação, Aisha foi mutilada pelo marido como punição por ter fugido de casa. A jovem, que se casou ainda adolescente e fugiu de casa por causa dos maus-tratos que sofria do marido, disse que o castigo foi aplicado com a aprovação de um comandante talibã, regime que aceita esse tipo de punição contra as mulheres que se rebelam contra as leis.

A moça, que encontrou refúgio em uma organização não-governamental, viajou aos Estados Unidos para ser operada, confirmou à AFP a presidente da Fundação The Grossman Burn, Rebecca Grossman. "A intervenção foi doada pelo cirurgião plástico e reconstrutivo Peter Grossman e pela equipe do centro The Grossman Burn, situado no Hospital West Hills", em Los Angeles, informou Grossman, sem dar mais detalhes sobre a operação.

A foto do rosto da jovem mulher, publicada na capa da edição da primeira semana de agosto da revista americana, acompanhada do título "What happens if we leave Afghanistan" (O que acontece se deixarmos o Afeganistão), causou polêmica.

O título serviu de gancho para uma reportagem com fortes implicações políticas sobre a permanência militar dos Estados Unidos no país asiático, com enfoque na situação das mulheres que vivem sob o domínio do regime talibã.

O chefe de redação da Time, Richard Stengel, escreveu um editorial para o número, explicando a escolha da capa. "Nossa imagem da capa é poderosa, horrível e perturbadora. (...) A publicamos para mostrar qual é a situação no terreno. (...) Nosso trabalho é dar contexto e perspectiva a um dos temas de política externa mais complicados dos nossos tempos", explicou Stengel.

Atualmente, a administração do presidente Barack Obama alcançou o pior nível de popularidade após o crescente vazamento de documentos militares secretos que levantaram o debate sobre a guerra no Afeganistão e as possíveis atrocidades cometidas pelas forças lideradas pelos Estados Unidos.

Segundo pesquisa realizada em 3 de agosto, a campanha militar liderada por Washington no Afeganistão é mais impopular do que nunca entre os americanos: 43% dos entrevistados consideraram que os Estados Unidos cometeram um erro ao enviar tropas, contra 38% que pensavam assim antes da divulgação na internet de 92 mil documentos confidenciais, destacou o estudo do instituto de pesquisas Gallup e do jornal USA Today.