Centenas de socorristas tentavam hoje (3/8) chegar a 34 mineiros presos desde a véspera a 450 metros sob a terra em uma mina do norte do Chile, agarrando-se à esperança de que os homens tenham tido acesso a uma zona de refúgio.
Mais de 130 especialistas lutam para resgatar os mineiros, e após 24 horas de trabalho foi possível avançar pelos dutos de ventilação, mas não há qualquer contato com o grupo.
"Estamos tentando estabelecer linhas de comunicação com os mineiros presos para saber seu estado e onde estão exatamente, e se já fizeram alguma manobra de preparação e reforço do local" visando o resgate.
Os socorristas apostam que os mineiros estão na chamada "zona de refúgio", um abrigo adaptado para 35 pessoas, com água, comida e roupas, "mas não se sabe com certeza se eles chegaram ao local".
Os trabalhos de resgate estão concentrados em avançar pelos dutos de ventilação, porque os acessos à mina estão bloqueados por rochas.
"Há duas entradas na mina. A rampa não é uma possibilidade porque desabou, então a alternativa é ir pela ventilação, que não está bloqueada, o que é uma boa notícia", explicou a ministra do Trabalho, Camila Merino. "Temos que trabalhar com muito cuidado, porque se provocarmos um desabamento colocamos em risco os socorristas e a possibilidade de um rápido resgate".
O acidente ocorreu na noite de ontem na mina de cobre e de ouro de San José, explorada pelo grupo chileno San Esteban, nas proximidades da cidade de Copiapó, 800km ao norte de Santiago, no árido Deserto de Atacama.
Nenhum contato pôde ser feito com os mineiros bloqueados até a tarde desta sexta-feira, mas "esperamos que estejam passando bem e que tenham conseguido chegar ao abrigo", declarou a governadora da região de Atacama, Ximena Matas.
Segundo a governadora, o acesso à mina, situada 800 metros sob o nível do mar, é feito por uma rampa circular que teve um trecho destruído pelo desabamento. "O desabamento ocorreu no nível 350 (metros de profundidade) e os mineiros estão mais abaixo (...) onde não houve desmoronamento e há um refúgio".
A ministra Camila Merino, que viajou para a região num avião militar, levando equipes médicas e de socorro, destacou que "o governo está ao lado dos trabalhadores nessas horas críticas, mobilizando todos os recursos disponíveis para tentar tirá-los com vida".
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, que está na Colômbia para a posse de Juan Manuel Santos, declarou que o governo fará "todo o humanamente possível" para resgatar os mineiros.
As famílias e os colegas dos mineiros bloqueados revezam-se na entrada da mina desde ontem à noite, à espera de notícias. "Meu filho está lá dentro, e esperamos que nos digam qualquer coisa, mas não sabemos em que estado estão", explicou o pai de um deles à televisão chilena.
O deserto de Atacama, no norte do Chile, é local de numerosas minas, em particular de cobre (o país é o primeiro produtor mundial), fornecendo um terço do total. Os produtos minerais têm um peso em torno de 60% nas exportações do país sul-americano.