O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, interrompeu as férias em Sochi, balneário no Mar Negro, para se reunir em Moscou com o Conselho de Segurança Nacional e discutir o combate aos incêndios florestais que causaram 48 mortes no país desde junho ; o maior número de vítimas causadas pelo fogo em quase 40 anos. Medvedev deu prazo de 48 horas para que o conselho apresente uma lista completa das instalações estratégicas e planos para garantir a segurança desses locais, informou a agência de notícias EFE. ;Temos infraestruturas extraordinariamente perigosas, como as bases do Ministério da Defesa, depósitos e arsenais de armas e munição;, alertou o presidente.
Preocupado com as instalações militares e nucleares, o chefe de Estado destituiu vários oficiais da Marinha por não terem evitado que o fogo alcançasse uma base logística naval em Kolomna, a sudeste de Moscou, na semana passada. Alegando ;negligência criminosa;, Medvedev exonerou o comandante da Aviação da Marinha, Nikolai Kouklev, e mais três autoridades. O comandante da força naval, almirante Vladimir Vysotsky, seu subcomandante, Alexander Tatarino, e o ministro da Defesa, Anatoli Serdiukov, receberam advertência formal. Entre quinta e sexta-feira da última semana, as chamas destruíram a sede da base naval, o departamento financeiro, 13 depósitos de equipamento aeronáutico e 17 galpões onde ficavam veículos. Segundo a imprensa russa, 200 aviões e helicópteros foram queimados, informação negada pelo Ministério da Defesa.
O primeiro-ministro Vladimir Putin intensificou sua viagem às regiões atingidas. Ontem ele foi Voronej, 500km ao sul da capital, para acompanhar o combate às queimadas. ;A situação em relação aos incêndios florestais, no conjunto, se estabilizou, mas permanece tensa e perigosa;, afirmou Putin. ;Ainda há, infelizmente, muito trabalho;, comentou. De acordo com um boletim oficial, entre terça-feira e ontem foram registrados 403 focos de incêndios em florestas e 13 em jazidas de combustíveis de origem vegetal. No mesmo período, foram contidos 293 incêndios florestais. Ao todo, as chamas já atingiram uma área de quase 670 mil hectares.
Segurança nuclear
Na reunião do Conselho de Segurança, Serguei Kirienko, chefe da agência atômica russa (Rosatom), anunciou a retirada de ;todos os explosivos e todo o material radioativo; do centro nuclear de Sarov, ameaçado há alguns dias pelas chamas. Kirienko assegurou que não há risco de acidente nuclear, mesmo que o fogo atinja as instalações, conhecidas desde a Guerra Fria como Arzamas-16 e que fabrica principalmente armas atômicas. Segundo o ministro de Situações de Emergência, Serguei Choigou, as chamas atingiram o centro da cidade, mas ainda estão a 4km das instalações da Rosatom.