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Medvedev destitui militares após incêndios em bases russas

O presidente russo, Dimitri Medvedev, destituiu hoje (4/8) vários oficiais de instalações militares destruídas pelos violentos incêndios florestais que atingem a Rússia e que já deixaram 48 mortos.

"Ordeno ao ministério da Defesa a destituição de todo um grupo de oficiais por infrações disciplinares que permitiram a ocorrência destes fatos", disse Medvedev após as chamas destruírem vários prédios militares, incluindo 13 hangares com equipamento aeronáutico e 17 instalações que abrigavam veículos.

Entre os oficiais destituídos estão o chefe da Divisão de Logística da Marinha russa, Sergei Sergeyev, e o chefe da Aviação Naval, Nikolai Kuklev. "Se algo similar ocorrer em outras instalações, agirei da mesma forma, sem piedade", garantiu Medvedev.

O presidente ordenou ao Conselho de Segurança russo que sejam tomadas medidas para proteger as instalações estratégicas do país, sobretudo nucleares, contra os violentos incêndios florestais.

"Estou certo de que vamos sair dessa", declarou Medvedev, considerando que a situação está "sob controle, mesmo que uma evolução negativa não esteja descartada". "Ordeno ao governo que estabeleça o mais rápido possível, em dois dias, quais instalações devem ser consideradas como tendo um perigo particularmente elevado" em caso de incêndio, declarou.

Serguei Kirienko, chefe da agência nuclear Rosatom, anunciou a retirada de "todos os materiais explosivos e todos os materiais radioativos" do centro nuclear russo de Sarov, 500km a leste de Moscou, em razão dos incêndios que ameaçam o local há alguns dias.

Kirienko assegurou que não há risco algum de acidente nuclear mesmo que o fogo atinja as instalações desse centro, conhecido desde a Guerra Fria com o nome Arzamas-16 e que fabrica principalmente armas atômicas.

Segundo o ministro de Situações de Emergência, Serguei Choigou, as chamas atingiram o vasto território do centro de Sarov, mas estão ainda a "quatro quilômetros" das primeiras instalações.

O primeiro-ministro Vladimir Putin, que intensifica as viagens à regiões afetadas, visitou a zona de Voronej, 500km ao sul de Moscou, para acompanhar os trabalhos das equipes que combatem os incêndios. "Ainda há, infelizmente, muito trabalho", disse.

O fogo continua a devastar milhares de hectares na Rússia central e ocidental. O registro de vítimas chegou a 48 mortos contra 40 na véspera.

Na última segunda-feira, o presidente russo havia decretado estado de emergência nas sete regiões mais afetadas pelos incêndios.

A situação continua difícil para os 170 mil homens mobilizados pelo Ministério das Situações de Emergência. No início do dia, uma superfície total de 188.524 hectares estava em chamas, contra 172.371 hectares na véspera.

"Não houve casas queimadas nas últimas 24 horas", comemorou o ministério. Desde o fim de semana passado, povoados inteiros foram devastados.

No total, os incêndios florestais já destruíram na Rússia quase 668 mil hectares desde o início do verão. As temperaturas não dão sinais de sinais de redução.

Os meteorologistas estimam que a onda de calor e seca, que dura mais de um mês no oeste da Rússia, deverá se prolongar pelo menos até o fim de semana.

A capital russa amanheceu nesta quarta-feira com uma atmosfera irrespirável, um vento quente empurrava para dentro da cidade a fumaça dos incêndios, que tomou conta até do metrô.