A petroleira britânica BP começou hoje (3/8) operação para tentar selar permanentemente com cimento o poço no Golfo do México, cujo vazamento está causando o pior desastre ambiental da história americana.
"A BP começou" as atividades nesta terça-feira "como parte das operações" para a selagem do poço, disse a empresa em comunicado.
A operação consiste em injetar líquidos e matérias sólidas no duto danificado para posteriormente selá-lo com cimento.
De acordo com os dirigentes do grupo, os resultados da operação "static kill" devem sair em algumas horas e se a intervenção for bem-sucedida, deflagará outra operação, denominada "bottom kill", entre 11 e 15 de agosto.
A "bottom kill" permitirá a confirmação do sucesso, ou do fracasso, da tentativa de cimentar o poço principal por meio de secundários. Em julho, a BP instalou uma espécie de receptáculo ou "funil" que interrompeu o vazamento.
A BP prevê continuar com o plano de construção do poço auxiliar para interceptar eventuais infiltrações.
Na véspera, a BP anunciou a descoberta de um pequeno escapamento hidráulico no nível do tampo do poço, o que retardou o processo de intervenção. Mas hoje, o almirante Thad Allen, encarregado da luta contra a maré negra pelo governo americano, informou que o vazamento foi interrompido durante a noite e que os trabalhos poderiam prosseguir.
Enquanto a BP tenta encerrar de vez o vazamento, novos dados oficiais confirmam que a explosão e naufrágio da plataforma Deepwater Horizon provocou a pior mancha de óleo da história dos Estados Unidos. Um total de 4,9 milhões de barris (780 milhões de litros) vazaram no mar, enquanto apenas 800 mil barris (127 milhões de litros) foram recuperados.
Segundo a lei americana, a BP pode ser obrigada a pagar de US$ 1,1 mil a US$ 4,3 mil de multa por barril derramado e não recuperado, se for provado que o grupo foi culpado por negligência, o que quer dizer uma multa total que pode atingir até US$ 17,6 bilhões.
O grupo informou nesta terça-feira ter recentemente enviado faturas ainda não pagas, de um total de US$ 1,67 bilhão aos parceiros no golfo do México, Mitsui e Anadarko, para que eles ajudassem nas despesas.
Apesar da esperança de virar, enfim, a página da catástrofe, os americanos continuam preocupados com as consequências ecológicas em longo prazo, principalmente depois da publicação, no último sábado, de documentos pelo Congresso sobre o uso de dispersantes.
Segundo a BP e as autoridades americanas, quase sete milhões de litros de dispersantes foram utilizados. Mas Edward Markey, presidente democrata de uma subcomissão para o meio ambiente da Câmara dos Representantes, declarou ontem para o canal CNN que esses números são questionáveis.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Centro Nacional de Preparação para Catástrofes (NDCP) com 1,2 mil habitantes das zonas atingidas, 40% deles disseram terem sido afetados diretamente.
Pais entrevistados também apontaram problemas de saúde dos filhos: erupções cutâneas, dificuldades respiratórias, tristeza, nervosismo e ainda dificuldades para dormir.