Quarenta e cinco pessoas morreram na noite de segunda-feira (2/8), em Karachi, a cidade mais povoada do Paquistão e situada no sul do país, nas violências provocadas pelo assassinato de um deputado da maioria provincial.
O balanço anterior era de 35 mortos, segundo a polícia. Uma fonte policial também informou que os mortos eram originários de várias várias zonas da cidade e que todos foram mortos a tiros.
Oficiais da segurança que pediram para não ser identificados vincularam esta onda de violências à morte do deputado Raza Haider.
Haider, do Movimento Mutahida Qaumi (MQM), aliado do Partido do Povo Paquistanês (PPP) dentro da coalizão que dirige a província de Sind, morreu horas antes por disparos de dois homens que circulavam de moto.
Segundo um porta-voz do governo provincial, este assassinato faz parte de uma conspiração para desestabilizar Karachi, a "locomotiva financeira" do país.
O assassinato semeou pânico nesta cidade de 16 milhões de habitantes, os comércios fecharam as portas e as ruas se esvaziaram, enquanto eram ouvidos disparos em vários bairros. Veículos, lojas e postos de gasolina foram incendiados. A polícia informou ter prendido 12 suspeitos ligados ao assassinato de Haider.
O MQM convocou manifestações e o governo provincial fechou as escolas em Karachi e Hyderabad (174 km a leste da capital financeira paquistanesa), onde também foram incendiados veículos depois do assassinato.
As autoridades provinciais já proibiram os atos políticos em Karachi para tentar limitar os assassinatos políticos.
As tensões são comuns entre os membros da coalizão MQM e o Partido Nacional Awami (ANP), que representam diferentes comunidades em Karachi.
O ANP é o partido de mais de dois milhões de pashtunes que escaparam da pobreza e da violência ligada aos talibãs no nordeste de Karachi.
O MQM representa a população dominante da cidade, de idioma urdu.
Karachi tem sido poupado dos ataques talibãs e da Al-Qaeda aque atingem o nordeste do país, mas é dominado por matanças étnicas, assassinatos e sequestros.
Estas violências acontecem num momento em que cresce a preocupação pelo risco de epidemias no noroeste do Paquistão, depois das piores inundações em 80 anos, que causaram mais de 1.200 mortos e 2,5 milhões de desabrigados.