Buenos Aires - O chanceler brasileiro Celso Amorim defendeu novas negociações sobre o programa nuclear iraniano, o que levará, em sua opinião, o Irã a suspender o enriquecimento de urânio a 20%, iniciado após as últimas sanções da ONU, segundo declarações divulgadas neste domingo na Argentina.
"É certo, o Irã começou a enriquecer a 20%. Mas se houver uma negociação, isso será suspenso. Há vários sinais que levam a crer que isso é possível", disse o ministro brasileiro ao jornal Clarín, de Buenos Aires.
Amorim lembrou que no domingo passado se reuniu em Istambul com seus colegas da Turquia, Ahmet Davutoglu, e do Irã, Manucher Mottaki, e destacou que "na segunda-feira o Irã escreveu à AIEA (agência nuclear da ONU), afirmando que está preparado para negociar sem condições" com base na declaração assinada com Brasil e Turquia em maio.
O Irã propôs no dia 17 de maio às grandes potências, em um acordo com Brasil e Turquia, a troca em território turco de 1.200 quilos de seu urânio levemente enriquecido (a 3,5%) por 120 quilos de combustível enriquecido a 20% e destinado ao reator de pesquisas médicas de Teerã.
A iniciativa foi ignorada pelas grandes potências, que votaram no dia 9 de junho por uma quarta série de sanções contra Teerã, suspeito de querer produzir a arma atômica.
O Irã reafirmou na terça-feira a sua disposição em seguir adiante com seu programa nuclear, embora tenha deixado claro que pretende retomar em setembro as negociações com as grandes potências, pedindo a entrada de Turquia e Brasil.
Essas declarações foram realizadas um dia depois da adoção de novas sanções pela União Europeia (UE), destinadas a pressionar as autoridades iranianas para que, além de retomar as conversações, interrompam o enriquecimento de urânio.